Trabalhadores paralisam Portugal com greve geral

Protestos têm como alvo pacote de redução do orçamento nacional, que será votado no dia 26…





Brasil de Fato

Trabalhadores portugueses promoveram, nesta quarta-feira (24), uma greve geral contra um pacote de redução do orçamento nacional, que será votado na sexta-feira (26). Os sindicalistas afirmam que a paralisação já é a maior greve geral registrada na história do país.

A greve é organizada pelas duas principais centrais sindicais do país, Confederação Geral de Trabalhadores de Portugal (CGTP ) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

De acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, cerca de 90% dos trabalhadores da saúde, da educação e da segurança social aderiram à greve. As centrais também informam que a paralisação teve forte adesão em empresas privadas como as da indústria automobilística, cuja participação dos trabalhadores alcança 90%.

O plano prevê corte de empregos, de benefícios sociais e aumento de impostos com objetivo de diminuir o déficit público do país de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para 4,6% até o fim de 2011. Com a crise na Grécia e na Irlanda, aumenta a pressão sobre Portugal para pedir empréstimo à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

O dirigente da CGPT Carvalho da Silva afirma que a greve geral representa um contribuição decisiva para relançar a discussão sobre o salário mínimo nacional e a reposição de alguns direitos a camadas de trabalhadores e população “que foram colocados em situação de pobreza e de miséria".

Já para o líder da UGT, João Proença, a mobilização mostra a necessidade de políticas diferentes que correspondam às necessidades de emprego no país. “Neste momento, há uma política errada que pede muitos sacrifícios aos trabalhadores deixando de fora muitos que poderiam pagar muito mais", explica.

A última greve geral em Portugal foi realizada em 2007 e foi organizada apenas pela CGPT. A última paralisação conjunta entre as duas centrais sindicais aconteceu em 27 de março de 1988.

Em Lisboa, policiais foram acusados de agredir grevistas nesta manhã. Em comunicado, a UGT afirma que o enfrentamento aconteceu entre cerca de 60 integrantes de um piquete que tentavam impedir a entrada de trabalhadores no prédio dos correios e 80 policiais, que teriam disparado contra os manifestantes.

 

Paralisação

De acordo com as centrais, cerca de 75% dos trens e 60% da frota de ônibus deixaram de circular no país. A greve também paralisou totalmente o tráfego aéreo. Todos os voos dos aeroportos em Lisboa, Porto, Faro e Açores foram cancelados.

Nos hospitais, apenas os casos de emergência estão sendo atendidos, e os correios estão entregando apenas medicamentos. Também há cidades inteiras sem aulas. A adesão dos professores à greve é recorde em uma paralisação geral, segundo os sindicalistas.

Até mesmo a coleta de lixo deixou de ser feita desde a meia-noite em praticamente todo o país.