Trabalhadores dos Correios seguem em greve há duas semanas

Em mais um ato antidemocrático, direção da ECT antecipa folha de pagamento para poder descontar os dias parados antes da conclusão das negociações.





CUT

Escrito por William Pedreira

A greve nos Correios chega amanhã (28) a sua segunda semana sem que em momento algum o governo tenha se proposto a negociar com o Comando Nacional de Mobilização e Negociação da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares).

A entidade, procurando encontrar uma resolução para o fim da greve, apresentou na semana passada uma contra-proposta, rejeitada pela empresa antes mesmo que ela fosse protocolada.

Os trabalhadores lutam pela reposição da inflação de 7,16%, calculados pelo IPCA; reposição das perdas salariais de 24,76%, de 1994 a 2010; piso salarial de R$ 1.635,00; aumento linear de R$ 200,00; auxílio creche para todos os trabalhadores (as); não contratação de mão de obra terceirizada; contratação imediata dos concursados; não desconto dos dias parados em decorrência da greve.

“Todos os dias, nós temos protocolado na ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) um documento reafirmando a disposição para negociar. A resposta da empresa vem sempre por meio da mídia e é sucessivamente a mesma: não negociamos com os trabalhadores em greve. Esta atitude inflexível e autoritária só tem acirrado o movimento, que segue forte em todas as regiões do País”, sublinha José Rivaldo, secretário geral da Fentect.

A Executiva Nacional da CUT, em nota divulgada em nosso site, criticou a postura intransigente da direção da ECT, que se recusa a receber os trabalhadores em greve, além de ameaçar descontar os dias da paralisação antes mesmo de qualquer negociação.

Nesta segunda (26), o ministro das Comunicações Paulo Bernardo, voltou a afirmar que os trabalhadores dos Correios em greve terão dias parados descontados. Em documento divulgado em seu site, a Fentect expôs o sentimento de revolta e de repudio dos trabalhadores diante das declarações do ministro das Comunicaçõ​es e do presidente da ECT, Wagner Pinheiro.

Ainda tem mais. Os ataques são constantes e vêm de todos os lados. Os Correios numa ação que o secretario geral da Fentect classificou como terrorista, antecipou o fechamento da folha de pagamento do mês de setembro para poder descontar os dias parados antes da conclusão das negociações. Normalmente, a folha é fechada poucos dias antes do pagamento, realizada no último dia útil do mês. Somente neste mês, ela foi fechada no dia 20.

“Nunca na história dos Correios houve uma ação como esta, com antecipação da folha de pagamento para descontar o salário dos trabalhadores. Queremos fortalecer a empresa, resolver o impasse e recuperar as perdas salariais, processo que deve ser feito respeitando o movimento sindical. Mas não é isso que estamos vendo. A direção dos Correios está divulgando material dizendo que é preciso educar o movimento sindical, impor uma lição aos grevistas e para isso, segundo suas ações, é necessário desmoralizar o movimento sindical. Não é por imposição e pressão que a greve será encerrada”, repudia Rivaldo.

“A categoria exige mais respeito, pois cada um que está na greve busca uma vida digna e honesta. Grevista não está de férias, está lutando por seus direitos. Estranho é verificar que, tanto Paulo Bernardo quanto Wagner Pinheiro, fizeram suas carreiras políticas realizando greves, e agora resolvem fazer um julgamento tão equivocado sobre os trabalhadores grevistas”, complementa a Fentect em nota.

Compromisso com a população – A entrega das correspondências e os serviços serão normalizados assim que a greve for encerrada. Os trabalhadores farão jornadas mais extensas para repor o trabalho e colocar a entrega das correspondências em dia. É prática dos trabalhadores públicos filiados à CUT. “Já propusemos colocar em dia o fluxo postal. Não queremos simplesmente abonar os dias parados, mas sim, negociar e encontrar uma forma para reposição das horas, seja por aumento da jornada, mutirões ou trabalho nos finais de semana. O que não aceitamos é o fato de quererem descontar nossos salários sem que haja uma negociação”, destaca Rivaldo.