No primeiro dia de greve, que garantiu um adiamento da “ambientação” em Santos, os trabalhadores da UO-Sul reuniram-se em assembleia e fizeram um balanço dos últimos acontecimentos. Analisaram os cenários mais prováveis e, a partir daí, decidiram pela manutenção da greve e a intensificação da Campanha em Defesa da UO-Sul. As próximas ações serão atos e visitas às lideranças e organizações sociais e empresariais da Região Sul.
Os petroleiros da UO-Sul manifestaram indignação quanto à forma truculenta com que a Companhia apresentou a decisão de desativar a unidade, sem o mínimo de cuidado e respeito, ignorando o enorme impacto na vida das pessoas envolvidas. Neste ponto, o Sindicato repassou os informes da reunião, que aconteceu na última quinta-feira (30), no Rio de Janeiro, com a Gerência Executiva e Gerência de Recursos Humanos do E&P, na qual os representantes da empresa reiteraram a injustificável ordem da Diretoria Executiva da Petrobrás em desativar a UO Sul.
O Sindicato foi representado pelos dirigentes Mário Dal Zot, Silvaney Bernardi e André Luiz dos Santos, que estavam acompanhados pelo coordenador da FUP, José Maria Rangel, e pelo conselheiro da Petrobras eleito como representantes dos trabalhadores, Deyvid Bacelar. As lideranças sindicais ficaram surpresos e indignados com a desativação da Unidade de Itajaí, que tem apresentado ótimos resultados, além do seu papel estratégico para Petrobrás e toda a Região Sul. Os argumentos da empresa foram desmontados um a um e ficou claro que a medida se trata de uma decisão política “para inglês ver”, uma vez que o custo de desativação da Unidade, que até recentemente recebia empregados, sairá mais caro que mantê-los no local atual.
Gerentes do E&P lavam as mãos e deixam evidente a fragilidade da decisão
O Gerente Executivo alegou que a ordem era da Diretoria Executiva e estava apenas cumprindo o determinado. Há uma contradição nisso, pois o próprio presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, declarou recentemente que ele e o atual diretor de Finanças e Relações com os Investidores estavam focados em resolver o problema financeiro da Petrobrás, como certificação do balanço da empresa, deixando a condução das áreas de negócios a cargo de cada direção executiva.
Uma coisa é certa, quem elaborou e propôs isto não contava com tanta resistência e acreditava que, ao anunciar que as operações em Santa Catarina seriam preservadas, não se queimaria com as lideranças da Região Sul, mesmo ciente de que “manter as operações” significa apenas uma pequena sobrevida à produção da Plataforma Cidade de Itajaí, locada nos Campos de Baúna e Piacaba, já em declínio natural de produção.
Prejuízos materiais e imateriais incalculáveis
Ao anunciar uma meia-verdade, escondeu o fato de que a equipe de trabalhadores voltados para a exploração, área responsável pela descoberta e desenvolvimento de novos campos de petróleo e gás, está sendo desmantelada. Em outras palavras, toda uma trajetória de muito trabalho e dedicação voltada para a região se perderá. O retorno disto passará a ser um sonho distante, dado o enorme custo de organização, de oportunidade e aprendizado necessários para se formar um time de profissionais altamente qualificados e focados no sul do país. Um prejuízo que se estenderá à formação de novos profissionais, como os que hoje têm a oportunidade de conviverem com essas pessoas e usufruírem de toda a estrutura ali instalada. Cite-se o curso de Engenharia de Petróleo da UDESC, um dos mais concorridos do Estado.
Agenda pela Manutenção da UO-Sul
Há uma grande expectativa que isto tudo se esclareça na reunião anunciada do Governador de Santa Catarina e Comitiva de Parlamentares com o presidente da Petrobrás. O Sindipetro PR e SC e a Federação Única dos Petroleiros, como representantes dos trabalhadores, pleiteiam participar desta atividade, como também buscam espaço na agenda da Diretora de E&P Solange Guedes, antes da mesa com a presidência da Petrobrás.
“Mesmo com a queda do preço do barril e incertezas políticas, o segmento submarino do setor petróleo seguirá em expansão no mundo nos próximos anos. A expectativa é de um crescimento superior a 11% ao ano entre 2015 e 2019, puxado por projetos na África, América do Norte e América Latina, onde o Brasil é o principal mercado. Juntas, essas regiões responderão por 75% dos investimentos em aquisições e melhorias no período”, conforme projeções da Infield Systems. Traduzindo em miúdos, mesmo com as dificuldades da atual conjuntura, é inevitável que as petroleiras e seus fornecedores continuem investindo na busca da implantação de soluções consideradas prioritárias. Neste cenário, é importante ter inserida a UO-Sul e a sua história de contribuições, inclusive com participação ativa no advento do pré-sal como realidade exploratória.
Fonte: Sindipetro-PR/SC