Trabalhadores das usinas em Rondônia arracam aumento real acima da média

Entidades cutistas conseguiram fechar uma proposta de acordo coletivo que contempla os pontos essenciais destacados nos canteiros de obras.





CUT

Após dar sinais de que poderia haver uma greve geral, caso os representantes das construtoras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, não demonstrassem interesse em atender as reivindicações dos trabalhadores, as entidades cutistas conseguiram fechar uma proposta de acordo coletivo que contempla os pontos essenciais destacados nos canteiros de obras.

A comissão formada por CUT, Conticom (Confederação dos Sindicatos da Indústria da Construção Civil e da Madeira) e Sticcero (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Rondônia) definiu uma pauta que trás como principais conquistas o reajuste salarial de 11%, o aumento da cesta básica para R$ 170 e o pagamento de 70% de horas extras entre segunda e sábado – aos domingos é 110%.

A proposta que valerá para os operários de ambas as usinas agora terá de ser aprovada em assembleias que acontecerão ao mesmo tempo na manhã desta segunda-feira (18), na porta das hidrelétricas.

Baixadas e proteção contra perseguição
Outro item importante foi a mudança da chamada baixada, espécie de licença que os trabalhadores recebem para poder voltar à cidade de origem. A partir de agora, esse período iniciará e terminará aos finais de semana, totalizando nove dias, sendo a empreiteira responsável pelo fornecimento das passagens aéreas para todas as capitais servidas por vôos regulares.

O grupo de operários de Jirau e Santo Antônio, que acompanhou todo o processo da campanha salarial, também terá estabilidade no emprego de um ano, como forma de evitar retaliações.  

“Onde os trabalhadores se organizam e exercem pressão, acaba ocorrendo negociação. O índice de aumento conquistado em Jirau e Santo Antônio é o maior de Rondônia e superior à média do país”, destaca Cláudio Gomes, representante da CUT e da Conticom na mesa de negociação.

A observação do dirigente se confirma pelos números: o acordo representa 5% de aumento real, já descontado o índice de 5,91% de inflação registrada no ano passado pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). De acordo com levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos), apenas 15% das negociações conquistaram ganhos de ao menos três pontos percentuais acima da inflação.