Petroleiros da Refinaria Gabriel Passos (Regap) fizeram um corte de rendição na manhã desta quarta-feira (23). Trabalhadores de turno e do administrativo cruzaram os braços em ato contra a privatização da Petrobrás – que impacta diretamente no preço dos combustíveis e gás de cozinha no Brasil.
A mobilização da categoria petroleira faz parte de um “esquenta” que está sendo realizado ao longo desta semana em todas as bases da Federação Única dos Petroleiros (FUP) no País rumo a uma greve nacional controle da produção pelos trabalhadores.
Segundo o diretor da FUP e do Sindipetro/MG, Alexandre Finamori, a alta dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha é reflexo direto da política de privatização da Petrobrás. “Essa política de preços está vinculada a uma estratégia de privatização da Petrobrás. Nenhuma empresa estrangeira quer vir para o Brasil construir ou comprar uma refinaria com o preço da gasolina fixado pelo Estado e tendo como objetivo cumprir uma função social de segurar a inflação. Então, a Petrobrás tem subido o preço de tal forma que hoje é interessante importar gasolina. Hoje, 40% do consumo interno de derivados no Brasil é importado, enquanto temos refinarias com capacidade ociosa. O preço dos combustíveis está tão alto que compensa trazer de fora – em uma jogada estratégica da atual gestão da empresa”.
A manifestação coincidiu com o movimento nacional realizado pelos caminhoneiros. A categoria reivindica a redução do preço do diesel – que desde fevereiro deste ano foi reajustado em 34% pela Petrobrás nas refinarias – e fecha desde a manhã desta quarta-feira os acessos de caminhões e carretas à Regap.
Alta dos preços
Somente de fevereiro até agora (período em que a Petrobrás passou a divulgar o preço da gasolina e do diesel nas refinarias), o valor dos combustíveis repassado aos distribuidores subiu em média 34%.
Isso comprova que a alta dos combustíveis está associada, principalmente, à política da Petrobrás de atrelar os preços praticados no Brasil ao valor do barril de petróleo no mercado internacional. Segundo dados da própria Petrobrás, a gasolina A subiu 34,89%, passando de R$ 1,5148 em 20 de fevereiro de 2018 para R$ 2,0433 em 23 de maio.
Já o diesel A teve uma alta de 34,44% nos últimos três meses (custava R$ 1,7369 em 20 de fevereiro e passou a R$ 2,3351 em 23 de maio). A mesma lógica é adotada para o gás de cozinha (botijão 13kg) – cujo preço médio no Brasil saltou de R$ 53,121 em junho de 2017 (quando foi implantada a paridade dos preços do gás com o mercado internacional) para R$ 66,966 em abril de 2018. No entanto, a própria Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), já é possível encontrar botijão de gás sendo vendido a R$ 120 no Brasil.
[Via Sindipetro-MG]