Trabalhadores constroem o projeto popular energético em seminário em Belo Horizonte

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A FUP e outras entidades que integram a Plataforma Operária e Camponesa para Energia participaram do Seminário Nacional de Política Energética nos dias 19 e 20 de maio. O objetivo principal desse encontro foi a unificação das lutas e ações sindicais na construção de um projeto popular de política energética, com foco na soberania dos países latino-americanos, que atenda às demandas e necessidades de todos os trabalhadores e do povo.

O seminário foi realizado em Belo Horizonte, no Sindieletro-MG, com a presença de 14 organizações sindicais e sociais do Brasil, além de representantes de trabalhadores da energia da Argentina, Colômbia, Costa Rica e Venezuela. Militantes de movimentos sociais, lideranças sindicais, especialistas e estudiosos do setor discutiram temas como geopolítica energética; atualidade e perspectivas da indústria energética brasileira; Estado e sociedade no planejamento e regulação da indústria energética; desafios na construção do projeto energético popular.

A FUP é uma das entidades que integram a Plataforma Operária e Camponesa para Energia, ao lado do MAB (Via Campesina), FNU (urbanitários), Fisenge (engenheiros), sindicatos de engenheiros e eletricitários, além de outras entidades da Via Campesina. Este é o terceiro seminário convocado pela Plataforma. O primeiro aconteceu em abril de 2012, com participação de ministros, presidentes de agências reguladoras e de estatais do setor que debateram o modelo energético brasileiro pela primeira vez com os trabalhadores e os movimentos sociais. No ano passado, outro seminário foi realizado em junho, como o tema “Os trabalhadores – Energia, Petróleo e Pré- Sal, a Indústria e Desenvolvimento”.

Energia e geopolítica

Na abertura do seminário, o professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Igor Fuser, e o representante da Federação de Trabalhadores da Energia da República Argentina (FETERA), Gabriel Fernando Martinez expuseram sobre a questão energética na geopolítica mundial.

O professor Igor Fuser em sua fala sobre a visão convencional sobre a energia deu subsídios para se debater as novas tecnologias e os consequentes impactos socioambientais da substituição do petróleo tradicional por outro recurso, como por exemplo, o xisto.

Participação popular

O representante da FETERA, Gabriel Martinez, frisou que o atual modelo energético atende aos interesses das grandes corporações, cujos lucros não são revertidos para melhoria das condições sociais dos trabalhadores e do povo. Ele ressaltou a importância da participação dos movimentos sociais na política energética, influindo efetivamente em ações que possam transformar a vida dos trabalhadores e as estruturas sociais. “Se não há participação popular para se discutir a quantidade de energia que vai para fora ou fica no país, se não há uma discussão sobre o quanto de alimento tem que ser exportado e quanto tem que abastecer o mercado interno, se não há essa discussão, a capacidade dos trabalhadores, no campo político, é muito limitada”, destacou.

Perspectivas para o Brasil

O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, foi um dos palestrantes da mesa que debateu na segunda-feira, 19, a atualidade e perspectivas da indústria energética no Brasil. Ele ressaltou a importância do setor de petróleo e gás ao desenvolvimento nacional e alertou sobre os ataques à Petrobrás. Os ataques nada são do que a tentativa de retroceder ao modelo neoliberal de concessão implementada no governo de FHC e, além disso, uma algoz tática eleitoreira, já verificada em outras eleições presidenciais. Esses dois pontos, o fato e a conjuntura, impõe a necessidade de intensificação da luta por uma estatal realmente popular com a participação democrática dos trabalhadores do Brasil.

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Coordenador da FUP, João Antonio de Moraes

Também participaram deste debate o presidente da FNU, Franklin Gonçalves, que analisou a indústria de energia elétrica; o engenheiro e pesquisador da UFMT, Dorival Gonçalves Júnior; e Fábio Gerardo Chaves Castro, da Costa Rica (Presidente do Sindicato – ASDEICE).

Os debates continuaram nesta terça-feira, 20, pela manhã, abordando o Estado e a sociedade no planejamento, regulamentação e organização da indústria energética. Entre os expositores, o diretor do Núcleo Estratégico do Ministério de Minas e Energia, Gilberto Hollauer; o professor da UFABC, Giorgio Romano; o coordenador do MAB, Joceli Andrioli; o colombiano Rodolfo Vecino(diretor da USO)e o venezuelano Tony Leon Rojas (Secretário Geral do SINTRAMENPET).

Na parte da tarde, o seminário abordou os desafios da classe trabalhadora na construção do projeto popular de energia, com participação de Gilberto Cervinski, do MAB, e de representante da Fisenge.

Sinteticamente os dois dias do encontro proporcionaram a análise da atual política energética no Brasil e da América Latina. Diante do cenário atual e das previsões, a Plataforma Operária e Camponesa para Energia, do ponto de vista de seu fortalecimento, além da continuidade da unidade de luta nacional entre as organizações participantes, fortalecerá e incentivará o debate buscando a ampla participação popular de toda a classe trabalhadora. Esse fortalecimento deve ser articulado nos estados e regiões do Brasil, além disso, a aliança e articulação latino americana deve ser intensificada em torno da política energética popular.

Fonte: FUP, com informações do MAB