Desde o início da pandemia da covid-19, a Transpetro, subsidiária da Petrobrás, adotou uma série de procedimentos em seus terminais aquaviários, onde há um trânsito constante de navios e tripulação estrangeira. No entanto, na Bahia, estes procedimentos deixaram de ser seguidos. No Terminal Marítimo de Madre de Deus (Temadre), as regras de prevenção contra o vírus tem sido relaxadas desde que a Acelen fechou um grande contrato de venda de óleo combustível com a Mercuria, uma empresa estrangeira.
O representante desta empresa, tem tido passe livre no Terminal para acompanhar as cargas que estão sendo feitas para sua empresa. Isto não seria um grande problema se não fosse o fato de que este representante vai a bordo do navio, seguindo, ao final, para o país onde a carga será destinada. Mas a regra é que está proibido o trânsito livre de tripulantes tanto no Terminal como na cidade no entorno. O embarque e desembarque de tripulantes têm ocorrido apenas por lancha a contrabordo do navio e com solicitação e autorização prévia. Os trabalhadores do Terminal também não podem acessar as dependências do navio e, qualquer contato com a tripulação, se dá em local aberto, mantendo distância e de forma breve. Essas medidas também são adotadas por trabalhadores terceirizados que prestam serviço no Terminal.
Tais premissas visam proteger não só a saúde dos trabalhadores do Terminal e seus familiares, mas também a saúde da tripulação dos navios visto que o índice de contaminação no Terminal está alto e o navio, por ser um lugar mais confinado, o risco de contagiar a todos a bordo é maior. Mas, infelizmente, a fim de agradar o cliente, a atual gerência do Temadre (ou da Acelen), de forma irresponsável, tem negligenciado normas da própria Transpetro.A equipe de Estrutura Organizacional de Resposta (EOR) da Transpetro em reunião com a FUP, no dia 24/01, informou que até aquela data a subsidiária da Petrobrás tinha confirmados 257 casos de Covid-19, sendo que as maiores incidências da doença ocorrem nas unidades dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco, Amazonas e Espírito Santo.
O Sindipetro Bahia vê esta situação com grande preocupação, pois não há informação sequer se este representante da Mercuria é vacinado ou sobre qual a rotina de testagem a bordo do navio. Além de que outros contratos podem ser fechados e logo o Temadre pode se tornar um local de livre circulação de pessoas de vários países sem qualquer controle e porta de acesso ao vírus e a novas cepas ao país.
Desde a saída do pessoal Petrobrás – com o PIDV e com a venda do Temadre e da RLAM -, o Terminal tem passado por piora de gestão. O que se tem notado é que os novos gerentes não têm competência para estar no cargo e nem se mostram dispostos a se qualificar para os mesmos. Os trabalhadores se queixam de despreparo e assédio moral por parte de alguns gerentes. E o pior, segundo os trabalhadores, é que eles agem com certo desprezo para com a segurança e vida dos seus subordinados, sobretudo se for pra passar por cima de normas e procedimentos da Transpetro se isto garantir a eles alguma primazia frente a Acelen. Além disto, o contingente mínimo é outro ponto a ser debatido e tem sido sumariamente negligenciado.
A direção do Sindipetro Bahia quer saber se a ordem do passe livre foi dada pela própria Acelen ou partiu de algum gerente do Temadre. Também aguarda explicações a respeito deste grave problema, que coloca em risco a vida dos trabalhadores e da comunidade de Madre de Deus.
[Da imprensa do Sindipetro Bahia]