Térmicas incluídas na privatização da Eletrobras vão aumentar as contas de luz

Congresso manobrou para incluir novas usinas termelétricas na lei de privatização, segundo dados de estudo feito pela Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Energia

[Da redação da CUT/ Por Marize Muniz]

Manobra do Congresso Nacional, que incluiu novas usinas termelétricas na lei da privatização da Eletrobras, vai gerar custo adicional de R$ 52 bilhões aos cofres públicos. Esse valor será pago pelos brasileiros que terão de bancar mais reajustes nas tarifas das contas de luz.

A denúncia foi publicada no jornal O Globo dessa segunda-feira (25) e provocou reação do governo. O Ministério de Minas e Energia (MME) divulgou  uma nota (veja abaixo) rebatendo as informações publicadas pelo jornal sobre a privatização da Eletrobras, que está emperrada no Tribunal de Contas da União (TCU), onde ministros questionam os valores da venda e também a possibilidade de reajuste nas contas de luz.

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Segundo o jornal, o custo de R$ 52 bilhões considera apenas a operação das térmicas até 2036. E o gasto extra pode ocorrer mesmo que a empresa não seja vendida neste ano, de acordo com analistas ouvidos pela reportagem.

O dado faz parte de um documento elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, que foi publicado sem alarde no último dia 6 de abril, e que pela primeira vez mensura o impacto do uso dessas termelétricas.

A reportagem diz que a previsão de contratação de 8 mil megawatts (MW) de novas usinas a gás, que serão construídas nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, foi incluída como um “jabuti” na Medida Provisória (MP), depois convertida em lei, que trata da oferta de ações ao mercado da Eletrobras, maneira pela qual a estatal será privatizada.

Sobre o custo adicional das termelétricas de R$ 52 bilhões, apontado pela reportagem, o MME diz na nota que o valor inclui outras medidas de modernização do setor, que atenderão ao crescimento da demanda em 10 anos.

O ministério fala ainda sobre a expansão de usinas a gás natural. Segundo o comunicado, em conjunto com outras fontes de energia renováveis (como eólica, solar e hidrelétricas) e combinadas a termelétricas, a expansão de usinas a gás natural é “uma das formas de garantir a segurança do abastecimento” e “dar confiabilidade ao sistema”.

O MME afirma que o modelo de contratação adotado “promoverá a confiabilidade do sistema e seu pagamento deverá ser alocado a todos os beneficiários (consumidores livres e cativos), posto que a segurança do suprimento é um bem público”.

Leia aqui a íntegra da nota do MME.