Os trabalhadores terceirizados, contratados para a parada de manutenção da Refap, aprovaram na manhã dessa quinta-feira (9), a contraproposta encaminhada pela mediação do TRT4 e o encerramento do movimento grevista, iniciado no 30 de janeiro. A categoria petroleira, convocada pelo Sindipetro-RS, realizou uma mobilização nessa manhã, em solidariedade aos trabalhadores que participavam da Assembleia de negociação e em repúdio as práticas criminosas em que estavam sendo submetidos.
Na quarta-feira (8), denúncias chegavam ao Sindipetro-RS de que os terceirizados estavam sendo coagidos por seguranças particulares das empresas contratantes. Inclusive, com ameaças à integridade física dos grevistas. Diante das atrocidades relatadas, o Sindipetro convocou a categoria para o ato de repúdio, que contou com a participação do CEPERS e do DCE da UFRGS.
Para a presidenta do Sindipetro-RS, Miriam Cabreira, no momento em que a gestão da Refap não se solidariza com as reivindicações dos terceirizados e obriga estes trabalhadores a operarem na parada de manutenção, as consequências podem ser ainda piores: “É inaceitável que a gerência da empresa tenha obrigado pessoas a trabalharem e que nós, petroleiras e petroleiros, levemos a vida como se nada estivesse acontecendo”.
O diretor dos aposentados, Antônio Cadore, considera que as práticas criminosas as quais os terceirizados foram submetidos, teve a conivência da gerência da Refap: “O que aconteceu ontem com os trabalhadores que vieram aqui, fazer a reforma da refinaria, só nos livros vocês vão encontrar. Ontem, a direção de duas empresas, juntamente com a conivência dos gerentes da Refap, autorizaram aqueles absurdos. Se ficarmos quietos, nos próximos dias poderá acontecer com a gente”.
Paulo Chitolina, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita, afirmou que a greve deixou um grande legado: “O movimento levantou um debate em todos os sentidos, mas principalmente, sobre a necessidade de fazer um acordo para os paradeiros a nível nacional. Temos que discutir com os trabalhadores e com a Petrobrás, para acabar com essa situação de desigualdade nas paradas de manutenção. Foram 11 dias de resistência, mesmo com o absurdo da aplicação de multa diária aos trabalhadores e com o uso da força física, os trabalhadores resistiram. A pressão dos petroleiros e das petroleiras, dentro da refinaria, foi fundamental, pois a gerência da Refap fez vista grossa ao movimento, para eles, quanto pior, melhor.”
Assembleia:
Após a rejeição unânime da primeira proposta alcançada na mediação do dia 02 de fevereiro, os trabalhadores construíram e encaminharam uma contraproposta, que sofreu avanços, mas permaneceu atendida de forma parcial pelo Tribunal. Em cima do carro de som, na manhã dessa quinta, a comissão leu os seis itens da contraproposta encaminhada pelo TRT4, que no final contou com a aprovação dos participantes.
No acordo aprovado hoje pelos terceirizados, foram conquistadas 280 horas de abono indenizatório, ponto de pauta que se tornou fundamental ao grupo uma vez o número de horas pagas no Rio Grande do Sul é inferior à média nacional. Neste aspecto, o acordo também garante o pagamento integral deste abono aos trabalhadores que foram demitidos nos dias 06, 07 ou 08 de fevereiro.
Ainda, se aprovou: o aumento da ajuda de custo para R$ 900,00 aos trabalhadores de fora do Estado que não contam com habitação ofertada pelas empresas; o reembolso das passagens de vinda no valor de R$ 500,00 e a volta paga de forma integral a todos os trabalhadores; e o aumento do vale-refeição para R$ 700,00.
A proposta aprovada também prevê a compensação apenas dos dias parados a partir do dia 06 de fevereiro, data em que entrou em vigor a medida liminar do TRT4. Os dias anteriores serão abonados por todas as empresas. As multas estipuladas aos trabalhadores também serão discutidas nos próximos dias.
[Sindipetro RS]