Temer se abraça a Geddel: crise moral e derrocada econômica podem ser devastadoras

A rapidez com que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu analisar o caso de Geddel Vieira Lima, incluindo o assunto na pauta da reunião de ontem (21), forneceu o pretexto a Michel Temer para adiar (e se possível evitar) a demissão de seu ministro do peito no Governo. A decisão palaciana de aguardar a decisão já começa a aparecer nas falas de líderes governistas, como Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).

Um pedido de vistas, porém, adiou a decisão para dezembro. Abraçando-se a Geddel, mantendo-o na frigideira com fogo alto, Temer receberá os respingos no rosto. Os próprios aliados do golpe não concordam com tal desmoralização: precisam de um governo que consiga pelo menos manter as aparências, preservando a compostura mínima para se manter de pé.

A semana que começou ontem (21) traz um aumento das complicações para a sobrevivência do governo. A combinação entre a crise moral e a derrocada econômica pode ser devastadora daqui para a frente. A situação do Rio e dos estados em geral, todos a caminho da quebradeira, exige uma medida federal.

Na semana passada a proposta palaciana de destinar ao socorro federativo parte dos R$ 100 bilhões que o BNDES foi obrigado a devolver antecipadamente ao Tesouro foi vetada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Este dinheiro já foi usado nominalmente para reduzir o déficit. Valer-se dele aprofundaria o déficit primário de R$ 170 bilhões estimado para este ano. Se nada for feito, virá o efeito dominó.

As delações esperadas para dezembro farão o resto. Em outra frente, empresários e agentes econômicos se impacientam com a falta de medidas para descongelar a econômica. Mas cada medida do governo, como esta desidratação do Banco do Brasil, aponta para mais recessão.

Daqui para a frente, mesmo a contragosto, a Lava Jato está compelida a avançar sobre o PMDB, enquanto poupa os tucanos. A percepção de suas roubalheiras combinadas com a desastrosa política econômica que aprofunda a recessão e o desemprego, em condições normais, produziria agora uma onda de “Fora PMDB”. Mas onde andam os indignados que há poucos meses gritavam “Fora PT”?

 

VIA Brasil 247