[Da imprensa do Sindipetro NF]
O Sindipetro-NF vem recebendo continuamente denúncias de trabalhadores a bordo das plataformas relacionadas ao novo surto de Covid-19 nas unidades da Petrresisobras na Bacia de Campos. São trabalhadores contaminados, suspeitos ou contactantes que não são desembarcados e acabam sendo mantidos a bordo aumentando a contaminação.
Enquanto isso, a Petrobras se nega a mostrar os dados de trabalhadores com Covid nas suas instalações, seguindo a linha do governo Federal de esconder os dados e não tratar com seriedade a pandemia na empresa.
Diante da grave crise sanitária que a categoria está passando, ocorreu na tarde de hoje, 24, uma reunião entre Sindipetro-NF, Ministério Público do Trabalho, SRTE – Superintendência Regional de Trabalho e Emprego e a Petrobrás. Na tentativa de resolver o problema e possibilitar a transparência de informações.
Logo no início da reunião a diretoria do Sindipetro-NF pode constatar que a preocupação da Petrobrás é com a continuidade da produção em detrimento da saúde dos trabalhadores. Em momento algum a empresa cogitou a possibilidade de parar uma unidade por falta de trabalhadores para operar a plataforma. Na verdade, a Petrobrás continuou as operações arriscando a vida dos trabalhadores, embarcando trabalhadores para substituir outros contaminados, sem que todos os contaminados e seus contactantes tivessem sido desembarcados.
O diretor do NF, Luiz Carlos Mendonça (Meio quilo), comentou na reunião que entende que o setor petróleo é essencial, mas que “essencial não é tocar as plataformas ao custo de arriscar a vida dos trabalhadores, que estão pagando essa conta com o sofrimento de estarem sendo forçados a um confinamento a bordo de uma plataforma, mesmo atingidos pela COVID-19. Já que não há como por si o trabalhador desembarcar” – disse.
O Sindipetro-NF encaminhou uma série de questionamentos à Petrobras, esperando que fossem respondidos pela empresa na reunião, entretanto a Petrobras se recusou a repassar informações aos trabalhadores. Os diretores sindicais questionaram o por que de se negar ser transparente com os dados e os gestores da companhia disseram preferir debater protocolos e não o número de trabalhadores atingidos.
“Fica difícil dar credibilidade a fala da Petrobras de que está se esforçando para tirar os trabalhadores doentes de bordo e controlar essa crise. Quando são negadas informações básicas sobre o que está ocorrendo a bordo. Queremos saber o número de trabalhadores e unidades atingidas, quantos ainda estão a bordo das unidades, qual a capacidade de transporte e hospedagem que a companhia tem para desembarcar e testar estes trabalhadores” – questionou o diretor do NF, Alexandre Vieira.
Os gestores afirmaram que desembarcaram cerca de 500 trabalhadores desde a última terça (18) e que esses dados eram suficientes para comprovar seu empenho. Mas Alexandre Vieira questionou se não poderiam ter desembarcado 1000 ao invés de colocar outras quinhentas vidas em risco a bordo.
O Coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, estava indignado com a falta de transparência e disse repudiar tal atitude da Petrobrás que parece querer a gestão do Governo Bolsonaro a frente da pandemia do Covid-19, que se negava a divulgar os dados.
“Estou totalmente indignado com a posição da Petrobras, perece que estamos aqui
mendigando informações. Esse tratamento de falta de transparência e de colocar a vida dos trabalhadores em risco tem de ser investigado. Não dá para admitir o número de denúncias de descumprimento de protocolos como: trabalhadores embarcarem sem esperar o resultado de repetição de testagem e depois se verificar que a Petrobras embarcou para a plataforma pessoas positivas para COVID-19. Não dá para admitir mais de 50 pessoas contaminadas em uma plataforma com 180 pessoas a bordo. Isso tem que ser investigado, para que não se repita” – afirmou Tezeu.
A reunião não apresentou muitos avanços. Veja abaixo o que as respostas que a empresa respondeu:
1 – Total de trabalhadores contaminados, suspeitos, sintomáticos e contactantes em cada unidade. Juntamente com o POB da unidade.
– A empresa não nos passou a informação se limitando a informar que desembarcou de terça 18/01 até hoje 500 pessoas em voos sanitários.
2 – Período em dias, discriminado por condição dos trabalhadores, ou seja, tempo que os contaminados, suspeitos, sintomáticos e contactantes que ainda a bordo estão aguardando o desembarque.
Petrobras deu a mesma resposta anterior
3 – Disponibilidade máxima diária do transporte aéreo para atendimento por meio de voos sanitários para desembarque de trabalhadores contaminados, suspeitos, sintomáticos e contactantes. Bem como previsão de aumento dessa capacidade se houver.
Petrobras deu a mesma resposta anterior
4 – Número de vagas para quarentena de trabalhadores contaminados, suspeitos, sintomáticos e contactantes desembarcados ou positivos no teste de pré embarque.
Disponibilidade de vagas para as referidas condições. Bem como previsão de aumento dessa capacidade se houver.
Quantas vagas tem disponíveis?
Quantas totais estão locadas?
Qual previsão de aumento de vagas para quarentena?
Petrobras deu a mesma resposta anterior
5 – Evolução do número total de casos e discriminado por unidade, de trabalhadores contaminados, suspeitos, sintomáticos e contactantes a bordo das unidades offshore, desde o dia 10/01/2022.
Sugestão criação de quadro informativo: UNIDADE, CONFIRMADO, SUSPEITOS, CONTACTANTES
Petrobras deu a mesma resposta anterior
6 – Critérios numéricos que motivam a testagem a bordo das unidades.
A Petrobras respondeu que faz a testagem geral sempre que há 1 caso confirmado a bordo, mas continuam os voos para continuidade operacional.
7 – Critérios que levam a retestagem de negativos ou positivos para a Covid-19.
Petrobrás informou que para o pré-embarque ela retesta os trabalhadores após 72 horas e que a bordo, devido ao art 21 da RDC 585/21 da Anvisa, testa os contactantes entre o quinto e sétimo dia após o último contato com caso positivo.
8 – Datas e unidades em que ocorreram a testagem geral a bordo.
Não informou
9 – Unidades e datas em que foi realizada a retestagem dos contactantes conforme art 21 da RDC Anvisa 584/21. Bem como o percentual de testes positivos e negativos.
Para esta questão, tem sido denunciado o seu descumprimento em dezenas de unidades, onde os trabalhadores ficaram vários dias a bordo sem ter sido testados. Mas a Petrobras quer que todos acreditem na sua retidão sem comprovar isso através da transparência dos dados.
Art. 21. Todos os contatos próximos, independente da situação vacinal, devem ser testados para o diagnóstico de COVID-19.
- 1º As amostras para o teste de que trata o caput devem ser coletadas entre o 5º e o 7º dia do último contato com o caso confirmado, sem prejuízo à possibilidade de adoção, pelos responsáveis pela embarcação, de testes complementares realizados em outros momentos.
- 2º Os contatos próximos de que trata o caput, desde que estejam assintomáticos e que apresentem resultados negativos ou não detectáveis nos testes previstos no caput, ficam dispensados da continuidade das medidas estabelecidas nos arts. 19 e 20.
9.1 Quais as limitações de mobilidade desses trabalhadores?
Informaram que os trabalhadores assintomáticos podem circular por alguma áreas da unidade, mesmo quando não estão trabalhando.
10 – Número de trabalhadores a bordo relacionado por período além dos 14 dias a bordo,geral e descriminado por unidade.
Sugestão: Unidade, POB MAX, POB por dia, número de pessoas além dos 14 dias.
Não respondeu
11 – Demora para realizar a testagem após o desembarque. Foi informado que recebemos denúncias de demora na realização de testagem no Rio de Janeiro e Vitória.
A empresa se comprometeu a resolver o problema.
12 – Utilizar os cerca de 200 testes disponíveis para os trabalhadores administrativos do Edifício Senado no Rio de Janeiro e transferir temporariamente esses testes para o pessoal que desembarcou e foi para o hotel.
A empresa negou essa demanda, disse que os testes do Edifício Senado não podem ser remanejados.
13 – Como estão as medidas para as demais áreas?
Respondeu que seguem os protocolos das autoridades sanitárias.
14 – Quais são os critérios para haver desinfecção geral?
Respondeu que seguem os protocolos das autoridades sanitárias.
15 – Problema que somente a UN-BC tem síndico e esse fica limitado a atuação dos trabalhadores da BC.
Não tivemos resposta sobre essa demanda, mas vamos buscar mesmo após a reunião.
16 – Denúncia mergulho que embarcação teria pessoas contaminadas a bordo mas não seguiria para o porto enquanto não terminasse o serviço.
Pediram informações sobre qual embarcação e o sindicato irá enviar a informação a empresa.