Sobre privilégios e corrupção


Há cinco séculos, era o vento que decidia os rumos das embarcações. Assim, o Brasil foi “descoberto” e colonizado. Ao longo da história, a juventude se fez presente em diversos momentos para garantir mudanças. Não poderia ser diferente agora, quando episódios lamentáveis evidenciam os limites da democracia brasileira e de suas instituições. O povo brasileiro já conhece de longa data o sistema de privilégios e corrupção vigente no Brasil: Ditadura Militar, Collor, PC Farias, SIVAM, Pasta Rosa, anões do orçamento, compra de votos para aprovar reeleição, Eduardo Jorge, privatizações da Vale do Rio Doce e do sistema Telebrás, Cacciola, Valerioduto, denúncias contra governadores, senadores, deputados federais, denúncias de ilegalidades empresariais como o caso Abril-TVA-Telefonica etc.

 

O fato é que a história da nossa jovem nação se constrói carregada por interrupções do processo democrático e por uma cultura política com herança nos privilégios das classes dominantes. A construção de uma verdadeira democracia exige reformas de grande vulto, abrangendo os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de setores como a mídia e a Educação. A saída virá pela pressão da sociedade civil organizada sobre os poderes instituídos, em todos os níveis, para que se imponha uma nova ordem institucional. A UNE e a UBES declaram sua firme posição ao lado dos que exigem apuração imediata de todos os casos de corrupção e a punição dos culpados! É hora de mudar o rumo dos ventos. É hora de impulsionar as mudanças no Brasil!

 

Mas para extinguir vícios entranhados no dia-a-dia da política brasileira é urgente uma Reforma Política democrática, com ampla participação popular. Sua primeira tarefa deve ser atacar o principal elemento que interfere no compromisso de representantes políticos com o povo: o financiamento privado de campanhas eleitorais. É necessário o financiamento público exclusivo de campanha, para equalizar as condições de debate e cortar pela raiz a condenável prática do caixa-dois. É gritante, ainda, a necessidade da fidelidade partidária e do voto em lista, visando fortalecer o debate em torno de projetos, acima das vaidades e interesses individuais.

 

A dinâmica viciada da política no país leva o Executivo, governo após governo, a constituir uma base de apoio parlamentar emaranhada de relações fisiológica, em detrimento de uma governabilidade com foco no apoio dos movimentos sociais e outros setores da sociedade civil organizada. Rejeitamos o modelo atual e lutamos pela radicalização dos instrumentos de promoção da democracia, como plebiscitos, consultas populares, audiências públicas, conselhos e conferências. Tais instrumentos devem fazer parte do sistema de decisões do poder central.

 

No entanto, para que a população possa de fato intervir no rumo dos ventos é preciso que exista educação de qualidade, pilar fundamental na busca por um novo país. Não há democracia, desenvolvimento ou justiça sem igualdade de condições. Por isso, exigimos a derrubada dos vetos ao Plano Nacional de Educação (PNE), que define 7% do PIB para a Educação, e defendemos que haja prioridade à qualidade da educação básica e à expansão da universidade pública, com mais pesquisa e extensão.

 

Este processo de transformação passa também pela democratização dos meios de comunicação, espaço privilegiado do debate público. A sociedade tem direito a uma Conferência Nacional de Comunicação, democrática, capaz de pautar a nova comunicação, com participação, diversidade, pluralidade e onde a política não seja sinônimo de corrupção.

 

Chegou a hora de mostrarmos a cara de um outro Brasil, aquele escondido no suor de cada trabalhador que dedica sua vida à construção do país e da sua própria dignidade. Chegou a hora de vermos o verde-amarelo da nossa bandeira estampado no rosto do povo, por meio de uma nova política! Como diz o belo samba de Paulinho da Viola, “a todo instante rola um movimento, que altera o rumo dos ventos”. No dia 25 de outubro vamos ocupar as ruas do Rio de Janeiro para dar início ao movimento “Mudar a política, para mudar o Brasil”. Nosso símbolo é o cata-vento, que vai nos apontar o rumo das mudanças: a construção de um verdadeiro projeto de desenvolvimento nacional, com mais distribuição de renda e justiça social.