Soberania Energética e Alimentar


Uma questão crucial para o desenvolvimento da humanidade é sem sombra de dúvida a energia, sem a qual não há atividade humana, nem sequer o ato simples de alimentar-se. Tudo que fazemos depende de energia nas várias formas conheci dadas e até desconhecidas ou ainda em fase experimental.

A matriz energética mundial ainda é baseada em energia fóssil, proveniente do petróleo, em média 60% de toda energia produzida no mundo. Sendo que alguns países dependem 100% dessa forma de produção, por isso as guerras por controle das regiões produtoras de petróleo e gás.

Hoje se discute com grande ênfase e diria com muita emoção os marcos regulatórios nos diversos países produtores de petróleo, com destaque para a formulação que entende que a sociedade deva se apropriar também das riquezas produzidas pelos hidrocarbonetos e não tão somente suas mazelas como os impactos ambientais, doenças, problemas sociais nos entorno das instalações industriais, para ficar por aqui nesse tema.

Movimentos como a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, Venezuela, Equador dentre outros países estimulam os movimentos sociais a enfrentar esse debate em seus respectivos paíese. No Brasil começou a luta por uma nova lei do petróleo, com a discussão da recompra das ações da Petrobrás e a volta da propriedade da lavra para o Estado brasileiro. Nesse mesmo diapasão os petroleiros do Brasil repudiam o comportamento imperialista da Petrobrás no mundo.

O entendimento dos movimentos sociais no mundo é que água e energia são bens da humanidade e como tal não pode ser vendidos como simples comodites enriquecendo uma ínfima minoria da população. Mister se faz modificarmos o pensamento meramente exploratório e predatório dos hidrocarbonetos. Explorar sim, porém com o pensamento estratégico para não aumentarmos a dependência da humanidade nesse tipo de energia, nem tão pouco transformar países com produção e consumo equilibrados (auto-suficientes) em importadores de petróleo. Vejam o caso da Argentina.

Para diminuirmos ainda mais nossa dependência do petróleo se faz necessário a integração energética primeira nos continentes. Nesse aspecto os governos venezuelano e brasileiro debatem a implementação de vários projetos e empreendimentos conjuntos que no final darão maior espaço político e independência energética no continente. No mesmo sentido a discussão da integração energética na África e Europa é de importância primordial. Porém alerto: essa discussão de desenvolvimento deve necessariamente conter a participação dos trabalhadores, pois integração sem valorização do trabalho é integração pela metade.

Entretanto a fase de energia a partir de hidrocarbonetos está se esgotando, posto que seja uma riqueza finita. Seria estupidez afirmar quando se encerrará, posto que depende de diversos fatores, inclusive da velocidade da extração e do avanço de novas formas de produção de energia alternativas e renováveis. Muitos países já produzem energia a partir de aproveitamento dos ventos, da luz solar, biomassa, hidrogênio dentre outras formas.

Porém o esforço maior é no sentido das energias renováveis, ou bio-energia como o Etanol e o Bio-dieesel. Essa forma de energia tem suscitado debates acalorados entre os ambientalistas e os trabalhadores rurais em especial, merecendo inclusive manifestações dos comandantes Fidel Castro e Hugo Chaves.

Penso, contudo, que temos condições de produzir essa nova forma de energia respeitando o meio ambiente e acima de tudo aumentando a produção de alimentos, gerando emprego e renda para o homem e a mulher do campo. A maior crítica é o monopólio do agronegócio, que praticam sobretudo a monocultura e, muitas das vezes o trabalhador morre de fome nos campos.

Para combater práticas nefastas no mundo do trabalho rural se faz necessário modificarmos a legislação do bio-combustível, obrigando as empresas a destinar parte do seu cultivo para a produção de alimentos. Trabalhar prioritariamente com a agricultura familiar fomentando o incremento de novas tecnologias, aumentando assim a produtividade.

Com medidas simples de controle, podemos colaborar para a melhoria de vida das populações rurais, com produção simultânea de gêneros alimentícios e energia para mover o mundo.

Para tanto as riquezas produzidas tanto a partir do combustível fóssil quanto da bioenergia devem ser distribuídas para a sociedade na forma de educação, saúde, previdência dentre outros benefícios devidamente regulados em leis rígidas e não para a apropriação de poucos como têm sido até hoje.

Nossa tarefa é árdua, contudo tenho certeza da vitória!!!!!!

Aldemir de Carvalho Caetano é membro do Comitê Central do PC do B, Secretário de Petróleo da UIS Energia e diretor da Secretaria de Finanças e Administração da FUP (Federação Única dos Petroleiros)