A lista de polêmicas relacionadas à Refinaria Abreu e Lima (Rnest) não tem fim. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro) denuncia o sucateamento dos equipamentos de segurança e de contenção do gás benzeno – altamente cancerígeno – nos tanques de armazenagem da nafta petroquímica. A emissão do poluente, sem o controle adequado, põe em risco a saúde dos funcionários e, como pode ser levado pelo vento, ainda prejudica as comunidades da região.
O problema de exposição ao BENZENO, além ocorrer na emanação sem tratamento dos tanques de nafta, óleo combustível e no tanque dreneiro, ele se agrava cada dia mais no ETDI (Estação de tratamento de Dejetos Industriais), em que os técnicos de operação desse setor são expostos a uma alta concentração de contaminantes, que chegam na unidade por conta das drenagens realizadas nas unidades operacionais e nos tanques. Para se ter ideia, já chegou a ser medido 35 ppm de Benzeno (Carcinogênico) e 30 ppm de H2S (gás sulfídrico, altamente letal) no ar. E apesar de todas essas denúncias, a empresa insiste em negar a exposição dos trabalhadores ao risco, além de descumprir o ACT, quando se nega a convidar o Sindicato, GTB e CIPA para participar da elaboração do PPRA e PPEOB.
Os sistemas de contenção dos gases emitidos a partir do beneficiamento da nafta, um dos derivados do petróleo, fazem parte do projeto. Contudo, desde a partida da planta de refino, no fim de 2014, pelo menos três tanques funcionam sem a ativação desses sistemas.
“A Petrobrás diz que a utilização dos equipamentos depende de novos investimentos. Fizemos a denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no mês passado porque sabemos que a substância é tóxica e há muitos trabalhadores expostos ao poluente. Estamos numa situação de risco iminente de um acidente fatal aqui na Refinaria Abreu e Lima, e a categoria clama por uma solução definitiva por parte de empresa”, afirma o coordenador geral do Sindipetro, Rogério Almeida.
O benzeno é uma substância que ataca o sistema nervoso central e, em casos extremos, pode causar câncer, diz o engenheiro químico especialista em emissões atmosféricas, Marco Antônio Carlos. “Depende da concentração, que deve obedecer a normas internacionais”, aponta. “O maior risco é para o funcionário porque, como a Rnest está instalada em uma área próxima da praia e com muitas reservas de matas, ela pode se dissipar”, considerou.
O Sindipetro também apontou outros problemas que põem em risco a integridade dos trabalhadores, entre eles, a falta de equipamentos de emergências. “Em um pequeno incêndio na vegetação do terreno, foi preciso acionar os bombeiros porque, das onze viaturas de combate a incêndio da Refinaria, cinco estão indisponíveis”, contou Almeida. Além dos cinco dos seis equipamentos de suprimento de Ar Respirável quebrados, há apenas uma viatura de resgate disponível.
com informações da Folha PE