Ato no Farol e lançamento de Podcast do Sindipetro-NF marcam 20 anos da P-36

O Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) promoveu, na manhã de hoje, ato no Heliporto do Farol de São Thomé, em Campos dos Goytacazes, para marcar a passagem dos 20 anos da tragédia da P-36. No dia 15 de março de 2001, uma explosão na unidade provocou as mortes de 11 petroleiros. Dias depois, toda a estrutura da então maior plataforma do mundo afundou.

Durante os 40 minutos do ato, os diretores Tezeu Bezerra e Gustavo Morete conscientizaram os petroleiros e petroleiras, que embarcavam e desembarcavam no local, sobre a necessidade de priorizar a segurança no trabalho. Eles denunciaram que as mudanças recentes na Petrobrás, com venda de ativos e aumento da terceirização, elevam os riscos de acidentes e mortes.

“Esse acidente trágico é marcado pela política que estava posta no momento, de redução de investimentos na empresa, e que infelizmente hoje é retomada”, afirma Tezeu, advertindo ainda para o fato de que hoje mesmo a Bacia de Campos vive a apreensão de manter 22 plataformas com precariedade de pessoal marítimo, em razão de uma mudança de contrato que reduziu salários e benefícios.

Além do ato no Heliporto do Farol, o Sindipetro-NF também marca a data com a realização, hoje (15), às 19h, de transmissão ao vivo nas redes sociais da entidade com o tema “P-36: O que mudou?”, para debater com a categoria petroleira e com a sociedade as conquistas na área de segurança do trabalho nestas duas décadas, assim como os problemas ainda enfrentados pelos trabalhadores.

Os 20 anos da P-36 também serão lembrados por meio de edição especial do Podcast da Rádio NF (www.radionf.org.br), que será publicado nesta terça-feira (16), com entrevistas exclusivas com diretores sindicais atuais e da época da tragédia, familiares das vítimas e um sobrevivente. Com grande força de testemunho, os depoimentos impressionam pela constatação de que o acidente poderia ter sido evitado, assim como ainda há muitos sinais de que uma nova tragédia pode acontecer a qualquer momento na Bacia de Campos.

Relembre a tragédia

No início da madrugada de 15 de março de 2001, a P-36, que operava no campo de Roncador, na Bacia de Campos, sofreu duas explosões em uma de suas colunas num intervalo de 20 minutos. A segunda explosão causou a morte dos 11 trabalhadores que integravam a brigada de incêndio da unidade: Adilson Almeida de Oliveira, Charles Roberto Oscar, Emanoel Portela Lima, Ernesto de Azevedo Couto, Geraldo Magela Gonçalves, Josevaldo Dias de Souza, Laerson Antônio dos Santos, Luciano Cardoso Souza, Mário Sérgio Matheus, Sérgio dos Santos Souza e Sérgio dos Santos Barbosa.

“Quando cheguei lá, os caras estavam mortos. Foi terrível”, diz sobrevivente da P-36 em Podcast especial da Rádio NF nos 20 anos da tragédia

O Sindipetro-NF acaba de disponibilizar uma edição especial do Podcast da Rádio NF com depoimentos fortes sobre a tragédia da P-36. Em um deles, um dos sobreviventes, o petroleiro Wagner Valon, fala sobre o resgate do corpo de um dos colegas de trabalho e afirma que a plataforma apresentava problemas frequentes antes das explosões de 15 de março de 2001. O acidente na unidade causou as mortes de 11 trabalhadores que integravam a brigada de emergência.

“De repente a gente ouviu um barulho e a plataforma sacudiu e em seguida os alarmes tocaram. Houve um deslocamento de ar e pessoal começou a correr. Eu fui até onde aconteceu o acidente. Quando cheguei lá, os caras estavam mortos. Foi terrível”, conta Valon.

O podcast também traz depoimentos emocionantes de Marilena Sousa (viúva de Josevaldo Sousa, um dos trabalhadores mortos na P-36), Sérgio Borges (diretor do Sindipetro-NF), Maria das Graças Alcântara (assistente social Sindipetro-NF), Antônio Carlos Rangel (representante sindical na comissão de investigação do acidente), José Maria Rangel (ex-coordenador geral do Sindipetro-NF e da FUP) e Tezeu Bezerra (coordenador geral do Sindipetro-NF).

“Havia muita cumplicidade entre a gente, nós conversávamos sobre tudo e por isso eu sabia muitas coisas sobre a P-36. Antes do último embarque ele soltou que doía o couro cabeludo de tanta tensão. Josivaldo disse que a plataforma precisava parar a produção para fazer reparos, mas a P-36 era a menina dos olhos da Petrobrás, então isso não iria acontecer. A P-36 ainda não estava pronta para funcionar”, conta Marilena.

O Podcast da Rádio NF chega à sua 89ª edição com publicações semanais. Nesta semana o conteúdo especial marca a passagem dos 20 anos da tragédia da P-36. Todas as edições podem ser acompanhadas em www.radionf.org.br.


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[Da imprensa do Sindipetro-NF]