Sindipetro-NF marca os 10 anos da P-36 com debate internacional sobre segurança

O evento reuniu sindicalistas brasileiros e estrangeiros, além de especialistas, técnicos, auditores fiscais e procuradores..





Imprensa da FUP

Os dez anos do acidente com a P-36 foram relembrados pelos petroleiros da Bacia de Campos com um ato no aeroporto de Macaé e uma Conferência Sindical Internacional que debateu formas de luta, organização e intervenção para garantir condições seguras de trabalho nas plataformas. O evento reuniu sindicalistas brasileiros e estrangeiros, além de especialistas, técnicos, auditores fiscais e procuradores, com atuação em segurança do trabalho. A Conferência foi realizada entre os dias 15 e 17, no auditório do Sindipetro-NF, em Macaé, com grande participação de trabalhadores recém admitidos pela Petrobrás.

Dirigentes da FUP e da CUT estiveram presentes ao debate, que contribuiu para fortalecer a luta da categoria para impedir que novas tragédias ocorram no Sistema Petrobrás. Sindicalistas dos Estados Unidos, México e Argentina relataram as experiências desenvolvidas em seus países para organizar e sensibilizar as pessoas para as questões de segurança. O coordenador do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, ressaltou que a participação dos trabalhadores é fundamental, citando os levantamentos encaminhados ao sindicato pelos petroleiros da Bacia de Campos, cujas denúncias levaram à interdição de quatro plataformas da região, evitando, assim, acidentes como o da P-36.

Desde a tragédia que matou 11 petroleiros e causou o afundamento da plataforma, mais 145 trabalhadores morreram em acidentes no Sistema Petrobrás, dos quais 125 eram terceirizados.  Só na Bacia de Campos foram74 mortes nestes últimos dez anos. Das 11 viúvas dos petroleiros mortos no acidente com a P-36, nove participaram da Conferência. Ivani Couto, viúva do operador Ernesto de Azevedo Couto, emocionou os trabalhadores com o seu desabafo: "Onze ficaram na P-36, mas e os outros cento e tantos que foram desembarcados? Como está a cabeça desse povo? Eles se sentem seguros? Eles falam: mãe, filho, papai vai, mas será que volta?".

O presidente nacional da CUT, Artur Henrique, participou do encerramento da Conferência, destacando a importância da organização por local de trabalho na luta por saúde e segurança. O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, que assistiu a primeira mesa de debates, ressaltou que a Conferência realizada pelo Sindipetro-NF deve servir de exemplo para outros sindicatos. “Precisamos fortalecer essa luta nacionalmente. O capital tem a visão monetária da vida. Para os gestores, a produção e o lucro estão acima de tudo. Cabe a nós trabalhadores nos contrapor a esta realidade, com unidade, luta e solidariedade”, declarou.

Acesse no portal da Rádio-NF os vídeos da Conferência, com a cobertura completa do evento: www.radionf.org.br

"Temos que implantar uma cultura de prevenção"

 “As regras para a indústria petrolífera nos Estados Unidos são desenvolvidas basicamente pelas próprias empresas”. Kim Nibarger, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos e Petroleiros dos Estados Unidos.

“O trabalhador por vezes não denuncia, com medo de represália, e para isso há sindicato. Mas quando detectamos uma anomalia no lugar do trabalho, temos que falar. Temos que implantar uma cultura de prevenção”. Norma Gomez, assessora do Sindicato dos Eletricitários do México.

“Encontrei 16 casos de acidentes que não haviam sido devidamente notificados em uma unidade da Petrobrás, onde uma placa informava que a base estava há 299 dias sem acidentes”. João Batista Berthier, procurador  do Ministério Público do Trabalho.

“Entre 25% e 40% dos acidentes de trabalho não são devidamente notificados”. Carlos Alberto Saliba, auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego.