O Sindipetro/MG recebeu denúncia, no dia 12/4, sobre episódios na HDT, na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, envolvendo manobra arriscada com descarte de nafta. A ocorrência foi no final de semana anterior e deixou os trabalhadores preocupados com a maneira inapropriada pela qual o serviço foi executado, causando risco de acidente.
Segundo relato de operadores, um supervisor foi orientado a realizar uma manobra de descarte de tambores de nafta de maneira inapropriada para uma rede de água oleosa (SAO), mas se recusou a fazer a ação devido aos enormes riscos envolvidos. Com a negativa desse supervisor, a demanda foi passada a outros dois que executaram a manobra de forma arriscada, sem avisar aos outros setores envolvidos, como o setor de Transferência e Estocagem (TE).
Ao realizar a drenagem de 4000 litros de nafta para SAO, sem avisar ao setor que iria receber um produto altamente perigoso, o supervisor assumiu colocar em risco a própria vida e a dos seus companheiros de setor. Além disso, o supervisor realizou manobras sem solicitar o apoio da caldeiraria ao coordenador de turno (COTUR), em uma clara tentativa de acobertar uma manobra indevida. Segundo relatos, ele abriu e fechou flanges, conectando mangueiras e depois de tentar, sem sucesso, fazer o descarte com uma bomba pneumática para o sistema de pump-out, o mesmo tomou a decisão de fazer o descarte para a rede de água oleosa (SAO).
Guilherme Alves, coordenador interino do Sindipetro/MG, lembra que um dos maiores acidentes ocorridos na Regap, envolveu o escoamento de nafta numa canaleta que, ao encontrar um ponto de ignição, incendiou, ferindo e matando trabalhadores. “A contradição nesse episódio é que muitos dos que lembram deste lamentável acidente como exemplo para falar sobre os riscos, são os mesmos que passam por cima dos padrões de segurança e protagonizam ações que jamais deveriam acontecer na empresa”, opina.
“O que se pergunta é onde estão os valores de segurança? Safety Day? Alerta de SMS? Para que? Na prática o que prevalece são atitudes individualistas daqueles que querem apenas pontuação para aumentar a remuneração”, opinam operadores do setor ouvidos pelo sindicato, indignados com o episódio. Os trabalhadores enfatizam que “a segurança na empresa fica no campo teórico, enquanto na prática a história é outra”.
Nas denúncias que chegaram ao Sindicato, os trabalhadores relataram que tem se tornado prática na HDT os trabalhadores sofrerem pressões para burlar procedimentos. Eles também denunciam que há uma “guerra fria” pelos cargos de supervisão e isso faz com que os inscritos no Programa Escalada, candidatos a assumirem cargos de gestão, se submetam a esse tipo de pressão, assumindo riscos.
Diante das graves denúncias, a diretoria do Sindipetro/MG levou os fatos ao conhecimento da gerência do setor e da gerência geral da Regap, cobrando esclarecimentos. “São denúncias muito graves, por isso exigimos que a gerência local investigue o que aconteceu e tome providências antes que um acidente aconteça”, afirma Guilherme Alves.
[Da imprensa do Sindipetro MG]