Na semana que marca o dia internacional de luta pela igualdade de gênero, o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) organizou uma atividade voltada exclusivamente ao público feminino. Nesta sexta-feira (12), na região central de São Paulo (SP), foi realizada mais uma venda de gasolina a preço justo, desta vez destinada a motos e carros guiados por mulheres.
Cada litro de gasolina foi vendido pelo valor de R$ 3,50, com um limite de 10 litros por cada veículo. Para taxistas ou motoristas de aplicativos, o limite foi de 20 litros. Atualmente, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a gasolina está sendo vendida, em média, por R$ 5,29 nos postos.
“É comum escutarmos muita piadinha falando de que mulher não sabe dirigir. Por isso, estamos realizando essa ação para mostrar que a mulher pode estar onde ela quiser, inclusive atrás do volante. Além disso, estamos denunciando os preços abusivos que a Petrobrás está praticando. Nós temos petróleo, temos refinarias, temos distribuição. Por que temos que pagar em dólar pelos combustíveis?”, questiona a diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cibele Vieira.
Os sindicatos filiados à FUP, incluindo o Sindipetro-SP, têm realizado vendas de combustíveis a preços justos com o objetivo de denunciar a atual política de preços da Petrobrás, que se baseia no preço de paridade de importação (PPI) – implementado em outubro de 2016, durante o governo de Michel Temer (MDB) e que vincula os preços praticados nas refinarias da estatal às variações do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional.
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Devido a essa política, entre outubro de 2016 e março de 2021, houve aumentos nas refinarias de 73,3% no preço da gasolina, 54,8% no diesel e 192% no gás de cozinha. “O vírus não seleciona gênero ou raça, mas os impactos são piores para aqueles que não têm acesso aos direitos básicos. Na questão dos combustíveis é a mesma coisa, ou seja, está caro para todo mundo, mas as mulheres acabam sendo as mais prejudicadas, principalmente na questão do gás de cozinha”, aponta Vieira.
Impactos no bolso
Taxista desde 1977, Florinda Damásio afirma que está cada vez mais difícil conseguir tirar algum lucro do trabalho. “Para nós que dependemos do combustível está muito difícil. Os ‘ubers’ [motoristas de aplicativo] tiraram metade dos nossos clientes e a epidemia acabou de quebrar nossas pernas. Há mais de seis anos não há reajuste nas nossas tarifas, mas o preço da gasolina está sempre aumentando”, explica.
Situação parecida é vivenciada pela motorista de aplicativo Tatiane Valério, que atua no ramo há três anos. “Minha rotina é ficar praticamente 15 horas dentro do carro. Eu saio cedo e estabeleço uma meta diária e vou embora quando consigo bater essa meta. Para eu encher o tanque são R$ 160, e para valer a pena meu trabalho eu preciso fazer R$ 500 em corridas. Isso eu só consigo em dois dias de trabalho agora na pandemia”, detalha.
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E não são apenas as pessoas que trabalham diretamente com transporte que estão sendo impactadas por essa política de preços da Petrobrás. A técnica de enfermagem Margareth Mara Ângelo aponta que o poder de consumo da população tem caído progressivamente ao longo dos últimos anos. “Esta ação é um grito de socorro que sai do âmago de todo brasileiro, porque nós estamos sofrendo muito. A situação que estamos vivendo é intragável, esmagadora, genocida em todos os âmbitos. Alimentos, luz, gás, combustíveis… tudo está muito caro, é inadmissível”, lamenta.
[Da imprensa do Sindipetro Unificado SP]