O Sindipetro Bahia virou o jogo em um debate que a principio parecia ter cartas marcadas para ratificar o projeto da entrega dos campos maduros na Bahia à iniciativa privada. O embate de ideias se deu no auditório da UPB- União dos Municípios da Bahia, no Centro Administrativo, durante todo o dia da segunda-feira, 23/11.
À exceção da ausência da Petrobrás, o seminário intitulado “O Petróleo na Bahia” e promovido pela UPB (União dos Municípios da Bahia) Sebrae e CREA Bahia, teve uma boa representatividade contando com as presenças de representantes da ABPIP (Associação Brasileira dos Produtores de Petróleo e Gás), do governo do estado, FIEB, CREA, SEBRAE, AEPET, UPB, ANP, Desenbahia, Petrorecôncavo, além de parlamentares, ex empregados da Petrobrás e Sindipetro Bahia.
Durante o evento, os convidados falaram sobre a geopolítica do petróleo, os reflexos da crise mundial na economia nacional, desenvolvimento industrial, a crise da indústria de petróleo na Bahia, as rodadas de licitação e os campos maduros. Foram colocadas em mesa visões distintas de cada um desses temas, com foco nos desafios, rumos e perspectivas para o setor.
A presidente da UPB, Maria Quitéria, assim como representantes de desempregados dos munícipios situados nas regiões do petróleo, no recôncavo baiano, queriam respostas sobre os desinvestimentos da Petrobrás no setor, que vem afetando economicamente essas regiões.
A cada tema apresentado por palestrantes e debatedores ia se desenhando um cenário perfeito para as empresas privadas, que, afirmavam que poderiam gerar mais empregos, oferecendo conhecimento e agilidade para tocar o ramo de exploração e produção.
Mas os argumentos caíram por terra quando o diretor da FUP, Paulo César Martin, esclareceu que caso assumam os campos terrestres, as empresas privadas não vão gerar nenhum emprego, pois o número de postos de trabalho não iria aumentar, mas “a massa salarial seria drasticamente reduzida, pois há uma enorme diferença entre os salários dos petroleiros próprios e daqueles que atuam nas empresas privadas. E isso impactará o comércio local e regional”, afirmou.
PC lembrou que os trabalhadores do Sistema Petrobrás realizaram uma greve de 13 dias, deixando de lado as questões corporativas para lutar justamente contra esse plano de negócios da Petrobrás, de desinvestimentos, venda de ativos e desmonte da estatal.
Petrobrás não está quebrada
O coordenador do Sindipetro Bahia e Conselheiro eleito do CA da Petrobrás, Deyvid Bacelar, em contraponto ao presidente da ABIP e diretor da Petrorecôncavo, Marcelo Magalhães, defendeu a permanência dos campos terrestres nas mãos da Petrobrás, para “o bem da população, dos munícipios, Estado e União”. Ele afirmou que a avaliação mais pessimista aponta que a partir de 2017 o preço do barril de petróleo vai subir novamente, e que “não é prudente e nem correto fazer mudanças estruturais em uma grande empresa como a Petrobrás, por conta de um problema conjuntural”.
Deyvid disse ainda que o argumento de que a Petrobrás está quebrada é falacioso. “A empresa tem problemas sim, mas também tem resultados operacionais invejáveis.” Para o coordenador existem soluções para a financiabilidade da companhia em detrimento das vendas dos ativos da UO-BA. “O petróleo deve ser usado para o desenvolvimento do país, gerando riquezas e priorizando a segurança ambiental. Não queremos uma nova vale do Rio Doce”, finalizou.
O diretor do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, afirmou que a saída da empresa da Bahia é danosa para o país e para o estado e que, “apesar de toda a crise, a E&P tem um bilhão de investimentos aqui, contra toda a burocracia da área ambiental existente”. Radiovaldo reagiu com firmeza quando se referiu a um documento divulgado pela ABPIB, afirmando que “a Petrobrás, usa mão de obra e fornecedores não locais”. O diretor denunciou que tal documento não era verdadeiro, e ressaltou que a Bahia é referência nacional na formação da mão de obra no setor petróleo, lembrando que cidades como Catu, Alagoinhas, São Sebastião do Passé, Candeias, entre tantas outras, são verdadeiros celeiros de profissionais.
Lembrando a fala do representante da ANP, que disse que só poderiam ser vendidos, os poços parados e que não dão lucro, Radiovaldo disse que não conhece nehum poço parado na Bahia e que os campos marginais são lucrativos, ao contrário do que falam, sendo que o E&P tem 1.530 trabalhadores qualificados, profissionais experientes para a manutenção da Petrobrás na Bahia. A direção do Sindipetro Bahia tem uma visão estratégica, ideológica mesmo, quanto a este assunto: a saída da Petrobrás é danosa ao nosso estado e ao país.
Presenças
Participaram do seminário, Ricardo Marquini- diretor técnico do Sebrae-BA; Maria Quitéria, presidente da UPB; Deyvid Bacelar, coordenador do Sindipetro Bahia; José Sérgio Gabrielli, ex presidente da Petrobrás; Haroldo Lima, ex presidente da ANP; Radiovaldo Costa, diretor do Sindipetro Bahia; Marcelo Magalhães, presidente da ABPIP e diretor da Petrorecôncavo; Paulo Guimarães, coordenador de Desenvolvimento econômico da SDE do Estado da Bahia; Paulo Oliveira Costa, diretor de operações da Desenbahia; Marco Amigo, presidente do CREA Bahia; Anabal Santos, Diretor da ABPIP ; Roberto Câmara, sócio gerente da Câmara Consultoria; Paulo César Paim, ex-diretor da Petrobrás; Humberto Rangel, Diretor do Estaleiro Enseada Paraguaçu; Rafael Cardoso, representante da ANP; Antonio Rivas, geólogo e ex gerente da Petrobrás, Itamar Silveira, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Econômico, Jorge Gomes de Jesus, AEPET; Vicente Cândido, presidente da CFFC da Câmara dos Deputados; Adhvan Furtado, diretor superintendente do Sebrae. Além do vice governador, João leão; do deputado federal Valtenir Pereira, do deputado estadual, Rosemberg Pinto e do ex deputado federal, Luiz Alberto.
Fonte- Imprensa Sindipetro Bahia