Venda da RLAM vai gerar monopólio privado e cartelização dos preços dos derivados, afirma coordenador da FUP

Em comunicado ao mercado, a Petrobrás confirmou a notícia divulgada pela imprensa de que a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, está em processo avançado de privatização. A empresa informou que recebeu nesta quinta-feira, 25, ofertas de grupos estrangeiros interessados em adquirir o controle da segunda maior refinaria do país. Conforme a FUP já havia divulgado, a RLAM estaria sendo disputada pelo fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, Mubadala Investment Co e pela estatal chinesa Sinopec.

O coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, que é técnico de segurança na refinaria, contesta a legitimidade dessa operação, que ocorre em plena pandemia e em meio à uma crise aguda do setor petróleo, que derrubou os preços do produto e, consequentemente, dos ativos das petrolíferas. Ele ressalta que o momento é de aumentar a integração da cadeia produtiva da Petrobrás, como estão fazendo as grandes petrolíferas. “A miopia da gestão Castello Branco é tão grande que vai na contramão do setor. Ele quer tornar a Petrobrás uma empresa suja e refém das oscilações do mercado internacional”, afirma.

O coordenador da FUP chama atenção ainda para o papel estratégico da RLAM na cadeia produtiva da Petrobrás, lembrando que a unidade foi a que mais processou derivados de petróleo no primeiro quadrimestre deste ano. “A RLAM tem sido importantíssima para garantir a flexibilidade e resiliência da Petrobrás nesse momento conturbado, onde os impactos negativos dos ativos do E&P (exploração e produção) estão sendo minimizados pelas refinarias”, afirma, ressaltando que só a refinaria da Bahia tem produzido 39% de todo óleo combustível e óleo bunker que está sendo exportado pela estatal.

Deyvid rebate a falácia de que a venda das refinarias vai acabar com o monopólio da Petrobras e aumentar a concorrência no setor. “É bom lembrar que o monopólio estatal do petróleo foi quebrado em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso, e mesmo assim, nenhuma empresa privada construiu sequer uma grande refinaria aqui no Brasil”, ressalta, afirmando que a privatização das refinarias e dos terminais de distribuição (que estão sendo vendidos conjuntamente com as unidades), criará um oligopólio nacional e monopólios regionais privados, que irão determinar os preços dos derivados de forma cartelizada.

A FUP vem denunciando isso desde que a gestão da Petrobrás anunciou a intenção de privatizar as refinarias e terminais. Os alertas dos petroleiros foram confirmados recentemente por um estudo da PUC Rio, que analisou os efeitos da privatização de seis das oito refinarias colocadas à venda pela direção da Petrobras: Refap (RS), Repar (PR), Regap (MG), RLAM (BA), RNEST (PE) e Reman (AM). Os especialistas comprovaram que a venda dessas unidades vai deixar o consumidor refém de monopólios regionais privados. Não haverá competitividade e sim maior concentração do setor.

Segundo a análise da PUC Rio, a RLAM é uma das refinarias com mais potencial de formação de monopólio regional, caso seja privatizada. Com isso, os já elevados preços da gasolina, diesel e gás de cozinha tendem a disparar.

“Temos certeza de que a população brasileira não quer ver uma Petrobrás pequena, refém do mercado internacional, o que fará com que nós, consumidores, paguemos mais pelos derivados que deveriam ser vendidos a preços justos. Por isso, é fundamental que a população se junte a nós para que possamos defender essa empresa que é patrimônio do povo brasileiro e assim, defendermos preços justos para os derivados de petróleo”, afirma o coordenador da FUP, convidando os brasileiros a se somarem a essa luta.

[FUP]