FUP
Faltando nove meses para o fim do mandato do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, eleito pelo povo com apoio dos camponeses e dos movimentos sociais, os parlamentares do país, a serviço das elites e dos latifundiários, impuserem um duro golpe a já frágil democracia paraguaia. O golpe parlamentar aconteceu de forma relâmpaga, quando a maioria dos chefes de Estado do planeta participava da Rio+20> Em menos de 48 horas, Lugo foi deposto e teve apenas 30 horas para preparar sua defesa em um julgamento de cartas marcadas.
Desde que o golpe foi anunciado, as centrais sindicais, os movimentos sociais e as frentes de esquerda da América Latina se mobilizam para reverter a situação e restabelecer a democracia no Paraguai. A FUP é uma das entidades que integram os comitês de solidariedade ao povo paraguaio. Esta semana, vários atos políticos foram realizados no Brasil, cobrando do governo ações contundentes contra os golpistas. Uma moção de repúdio foi apresentada ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, cobrando a substituição do Paraguai no Mercosul pela Venezuela. Ações contra o golpe também estão sendo discutidas na Cúpula Social do Mercosul, que reúne nesta quinta e sexta-feira, em Mendonza, na Argentina, 900 representantes de movimentos sociais e sindicais do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Chile e Venezuela.
A Cúpula ocorre paralelamente à reunião dos chefes de Estado do Mercosul cuja pauta principal é a relação dos países do Cone Sul com o Paraguai. Daí a importância das mobilizações que estão levando às ruas milhares de trabalhadores e populares em toda a América Latina. O golpe no Paraguai não é um fato isolado, ocorre três anos após a deposição do presidente de Honduras e às frequentes tentativas de desestabilização dos governos do Equador e da Venezuela. O golpe das elites paraguaias é, portanto, uma ameaça à democracia e, principalmente, às mudanças políticas e sociais da última década que têm alterado a correlação de forças no continente.