Os petroleiros da Refap estão desde a última sexta-feira, e com corte de rendição desde o turno das 16h de sábado, mobilizados contra a redução de efetivos imposta pela direção da refinaria. A categoria já vinha, desde o dia 22, realizando assembleias para definir sobre a greve por tempo indeterminado a partir do dia 30, caso a empresa decidisse pela redução dos efetivos.
Segundo o presidente do Sindipetro-RS, Fernando Maia, a situação é grave e coloca em risco os trabalhadores, a refinaria e a comunidade no entorno: “Estamos há tempos denunciando que a refinaria vem trabalhando com efetivos abaixo do necessário e a redução do número de trabalhadores em alguns setores é uma irresponsabilidade que pode ter consequências trágicas”.
Para o dirigente, a medida impacta na segurança. Maia afirma que frente ao alto grau de risco de uma refinaria, qualquer emergência que não tenha o número mínimo de trabalhadores para atuar de forma imediata pode resultar em graves acidentes.
Carta Aberta à População de Canoas e Esteio
O Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul, se dirige à população de Canoas e Esteio para alertar sobre os riscos que rondam a Refinaria Alberto Pasqualini.
Recentemente a Direção da Petrobrás, sob o comando de Pedro Parente, resolveu implantar de forma unilateral, ou seja, sem qualquer negociação com os trabalhadores e Sindicato, a redução média de 25% dos números mínimos dos postos de trabalho em todas as unidades de refino de petróleo da empresa.
Trata-se de uma medida irresponsável, uma vez que os números mínimos de empregados já estão no limite ou até mesmo abaixo do quadro necessário para garantir a segurança operacional. O efeito imediato da diminuição de empregos é a precarização das condições de trabalho e o consequente aumento dos acidentes industriais. No último domingo (18), dois trabalhadores da refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, foram intoxicados pelo vazamento de gás sulfídrico e por pouco não morreram. Nesta quinta-feira (22), um trabalhador da refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, sofreu queimaduras ao ser atingido por um jato de vapor de alta temperatura durante a partida de um equipamento. Apenas neste ano já morreram seis trabalhadores a serviço da Petrobrás.
A tendência é que os acidentes aumentem de proporções, colocando em grave risco os trabalhadores e as comunidades nos entornos das refinarias. A natureza do trabalho de uma refinaria é de alto risco por produzir uma série de produtos inflamáveis e gases tóxicos em grandes quantidades. Com a redução do número de postos de trabalho, que já estava abaixo do mínimo necessário, e os cortes também nos empregos de terceirizados que realizavam os serviços de manutenção dos equipamentos, o perigo aumenta drasticamente.
Dessa forma, o Sindicato dos Petroleiros do RS sente a responsabilidade de alertar a comunidade de Canoas e Esteio sobre a situação na Refap, pois acidentes que ali venham a ocorrer podem vitimar não apenas os trabalhadores, mas também os cidadãos da região.
A diminuição dos efetivos fere normas internas de segurança e regulamentações do Ministério do Trabalho. Diante desse cenário de riscos de mortes e mutilações, os petroleiros de todo o país aprovaram greve por tempo indeterminado. O movimento está na iminência de iniciar e o Sindicato dos Petroleiros espera contar com o apoio da população nessa luta por saúde e segurança.
26 de junho de 2017
Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul
Fonte: Sindipetro-RS