Petroleiros e petroleiras da Transpetro que atuam na malha do gás do Norte Fluminense estão enfrentando a arbitrariedade de uma gerência que decidiu, por conta própria, cortar o adicional a que têm direito pro atuarem no segmento. A decisão, unilateral, havia sido anunciada pelo gestor em agosto e foi implementada agora em setembro.
O sindicato já acionou a área de Recursos Humanos da empresa para cobrar o retorno imediato do pagamento. “Esse adicional foi retirado de forma ilegal. Os trabalhadores atuam na malha do gás e fazem jus ao adicional, têm que receber. É uma irresponsabilidade do gerente querer cortar”, protesta o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.
Também diretor do Sindipetro-NF, Matheus Nogueira, que é empregado da Transpetro cedido à Petrobrás em Cabiúnas, reforça o relato sobre a indignação da categoria. “Tanto a Petrobrás quanto a Transpetro têm apresentado lucros e resultados recordes e é vergonhoso a gente ver a gestão, mais uma vez, tomar medidas que diminuem os direitos dos trabalhadores, ainda mais sendo trabalhadores que atuam em condições tão adversas, que colocam suas vidas em risco para produzir todos esses resultados para a empresa”, protesta o sindicalista.
Trabalho difícil e multifuncional
Cerca de 25 trabalhadores atuam na malha do gás na regional sudeste, bases do Sindipetro-NF e do Sindipetro Caxias, na manutenção e na operação de dutos que se estendem de Casemiro de Abreu ao município de São Francisco do Itabapoana, próximo à divisa com o estado do Espírito Santo.
Nogueira lembra que estes petroleiros trabalham sem condições adequadas, percorrendo toda a malha. “Há locais sem banheiro, ficamos sem horário de almoço, sem horário de entrada e saída, há lugares com dificuldades de acesso e diversas outras complicações”, relata.
O adicional existe justamente em razão destas condições especiais. “Realizamos atividades de operação e inspeção visual porque o adicional e treinamento específico nos habilita a isso. Ficamos também em sobreaviso parcial, dirigimos e atuamos em situações de urgência ou emergência nos dutos e pontos notáveis, independentemente de dia e horário, tudo isso obrigatório por conta do adicional”, explica.
O diretor relata ainda que os trabalhadores da malha precisam ser multifucionais, atuando com habilidades que envolvem, por exemplo, automação, instrumentação, mecânica, elétrica e operacionais como fechamento e abertura de válvulas, despressurização e testes funcionais, além de emitirem PTs (Permissão de Trabalho) e terem e responsabilidade sobre as atividades nos pontos notáveis (sites).
Direito precisa ser ampliado, não cortado
O Sindipetro-NF, assim como a FUP e demais sindicatos das bases onde há trabalhadores da malha do gás, já reivindicam da empresa, ao contrário de cortes, a ampliação do adicional, para que passe a contemplar também os petroleiros da faixa, que não fazem operação ou manutenção tecnicamente direta dos dutos, mas atuam na conservação das áreas, em serviços como capina e pintura.
“A visão que a gente tem, do NF e da FUP, é que esse adicional deveria ser ampliado para os trabalhadores da faixa de dutos, que também estão condicionados a muitas intempéries, atuando em muitas áreas de risco”, defende Nogueira.
Todos estes trabalhadores, além dos riscos inerentes à própria malha, estão expostos à ação das quadrilhas que roubam combustíveis nos dutos. O diretor lembra de um caso noticiado ontem, na Baixada Fluminense, onde uma operação policial prendeu justamente acusados de praticar estes crimes, entre eles um policial militar, que é apontado como líder da quadrilha.
[Da imprensa do Sindipetro NF]