Só este mês foram três mortes em função da política de insegurança da Petrobrás..
Imprensa da FUP
Um dia antes das mobilizações desta sexta-feira 13 nas unidades do Sistema Petrobrás, mais um trabalhador terceirizado morreu, vítima de acidente na empresa. Há apenas três meses na empreiteira Azevedo Travasso, o soldador Antônio Jales de Oliveira, 41 anos, não resistiu à gravidade dos ferimentos causados por um acidente ocorrido no dia 03, durante a obra de construção do Gasbel 2, gasoduto no estado do Rio de Janeiro, que ligará Volta Redonda a Santos Dumont, em Minas Gerais. Ele estava internado no CTI, pois foi atingido no abdome por um cabo de aço e teve vários órgãos perfurados. Nesta quinta-feira, 12, o soldador Antônio Jales faleceu, após nove dias lutando para viver.
É a quinta morte este ano no Sistema Petrobrás, todas com trabalhadores terceirizados. Só neste mês de novembro, foram três acidentes fatais seguidos. No dia primeiro, o mecânico da Perbrás, Marco Antônio Faustino Fonseca, 46 anos, morreu durante acidente no campo de produção do Alto do Rodrigues (Rio Grande do Norte). No dia 03, o auxiliar de serviços gerais Rodrigo Gomes Oliveira, 32 anos, funcionário da Limp Tec, foi vítima de acidente a bordo de um navio, na Bacia de Campos. Sua empresa presta serviço à Siem Consub, que é contratada da Petrobrás, ou seja, uma relação de quarteirização.
Nos últimos dez anos, ocorreram 196 mortes por acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás, sendo que 164 com trabalhadores terceirizados. Quando não matam, os acidentes mutilam, queimam, perfuram, eletrocutam. Se escapam desta barbárie, os trabalhadores ainda correm o risco de engrossar a lista dos que adoecem, devido à exposição a agentes químicos e nocivos. A política de SMS da empresa, que deveria proteger a vida e zelar pela segurança dos trabalhadores, tem como eixos a terceirização de riscos e a produção acima de tudo. Uma gestão marcada por mortes e acidentes e pela impunidade e complacência com os responsáveis.
Caveiras e foices, nas mobilizações desta sexta-feira 13
Caveira, foices, tinta vermelha, simbolizando o sangue derramado dos trabalhadores, e até o personagem Jason, do clássico filme “Sexta-feira 13”, estiveram presentes nas mobilizações que cobraram um basta aos acidentes, mudanças nas políticas de SMS e de terceirização e a valorização da AMS (Assistência Médica Suplementar). As mobilizações desta sexta-feira 13 começaram pela manhã e seguem ao longo do dia em várias unidades do Sistema Petrobrás. Os trabalhadores, seguindo o indicativo da FUP e de seus sindicatos, realizaram atrasos nos turnos, mobilizações surpresa, operações padrões e cortes na emissão de Permissões de Trabalho (PTs).
No Amazonas, os trabalhadores da Reman e do Terminal de Coari também somaram-se às mobilizações desta sexta-feira 13. Em Coari, foi interrompida por 24 horas a emissão de PTs e a gerência local, na contramão das reivindicações dos trabalhadores, suspendeu a reunião semanal (DDS) que discute as condições e procedimentos de saúde e segurança na unidade. Houve também atrasos na Regap, no Terminal de Suape (PE), no Gasoduto Joboatão (PE), nas unidades do Rio Grande do Norte e demais bases da FUP. Na Reduc, o ato foi prejudicado pela gerência, que desviou os ônibus com os trabalhadores. A refinaria está parada desde o dia 10, em função das fortes chuvas ocorridas em Duque de Caxias, que inundaram o município e também a maior parte da Reduc.
Estado de greve
Os trabalhadores do Sistema Petrobrás estão em estado de greve e também aprovaram assembléias permanentes. A categoria, portanto, está preparada para atender os indicativos de paralisação surpresa, conforme estratégia aprovada pelo Conselho Deliberativo da FUP. Em resposta à cobrança da Federação, a Petrobrás concordou em retomar a negociação do acordo coletivo na segunda-feira, 16.
Na Replan, base do Unificado-SP, o ato em defesa da vida reuniu cerca de oito mil trabalhadores próprios e terceirizados, que permaneceram mais de três horas concentrados em frente à refinaria. Houve atrasos também na Recap e no Terminal de Barueri. No Paraná e em Santa Catarina, a CUT somou-se às mobilizações realizadas nos terminais da região, na SIX e na Repar. Na refinaria, o ato reuniu milhares de trabalhadores próprios e terceirizados, que protestaram contra a política macabra do SMS e as discriminações de direitos e precarização das condições de trabalho geradas pela terceirização.
Na Bahia, petroleiros, petroquímicos e químicos realizaram um ato conjunto pela manhã, na rodovia BA 512, Km 13,5 (conhecida como Via Parafuso). O ato começou por volta das 6h30 e prosseguiu até às 9h30. Os trabalhadores fizeram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas de acidente de trabalho e em solidariedade ao químico Clério dos Santos, 54 anos, que morreu em acidente ocorrido no dia 11, durante desabamento ocorrido na unidade de Evaporação da empresa IPC, no Pólo de Camaçari.