Simone de Beauvoir certa vez escreveu que “não se nasce mulher: torna-se”. De minha parte, acredito que nos tornamos mulheres através de nossas atitudes, e evoluímos na medida dos valores que elas afirmam. Complicado? Não é não.
Basta lembrar a origem do “8 de março”: operárias mortas num incêndio, em represália a uma greve, na Nova Iorque do século XIX. Quem eram? Eram mulheres sujeitas à mesma tripla jornada de serem mães, administradoras de suas casas, e trabalhadoras. E que, além de tudo isso, ainda se faziam mulheres para seus maridos, parceiros, namorados. Como todas nós.
Isso não mudou em nada. Se hoje as empresas não nos queimam vivas, por fazermos greve, em compensação, nos é cobrado que sejamos sempre mais eficientes do que os homens, ainda que com salário menor. Tudo isso enquanto cumprimos a mesma tripla jornada. E ainda, por muitas vezes, somos as únicas chefes da família.
Em outros aspectos muita coisa mudou. O Brasil elegeu a 1ª Presidenta da República, uma mulher preside a maior empresa do Hemisfério Sul, a Petrobrás, e a mim coube a honra de ser a 1ª mulher a presidir a OAB/Macaé, minha Cidade, que já dera ao País sua 1ª advogada – Myrthes de Campos, formada em 1898 pela então Faculdade Nacional de Direito.
Não bastasse a dificuldade que Myrthes encontrou para entrar na Faculdade e concluir o curso de Direito, o Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil (IOAB) somente em 12 julho de 1906, aprovou o seu ingresso na carreira numa eleição onde vinte e três votos foram contra.
As dificuldades e preconceitos não nos podem brutalizar. O exercício da liderança pela mulher, não exige que ela seja desumanizada, ao contrário.
As mulheres são capazes de trabalhar, estudar, cuidar da casa, cuidar da família, fazer ao mesmo tempo uma ou todas essas múltiplas tarefas, e ainda assim a tudo superar, e se mostrar capaz de sonhar com um mundo melhor, e de lutar por ele. E essa, sim, se tornou MULHER.