Na terça-feira (22), os jornais Valor Econômico e O Estado de São Paulo publicaram análises do Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo (Ineep) sobre a venda da Refinaria do Paraná (Repar). Rodrigo Leão, economista e coordenador técnico do Ineep, avalia que o momento é negativo para venda de refinarias da Petrobras.
Por outro lado, o interesse de duas grandes empresas de distribuição – Raízen e Ultrapar – e também de uma petroleira chinesa, a Sinopec, na Refinaria do Paraná (Repar), mostra que os investidores do setor estão dispostos a atuar do poço ao posto no Brasil. Isso justamente no momento em que a Petrobras está abrindo mão da cadeia integrada no Brasil para se dedicar apenas à exploração e produção na área do Pré-Sal.
“A Europa está consumindo menos derivados, principalmente por conta de preocupações ambientais. Com isso, a tendência é que grandes empresas integradas (presentes em toda cadeia de petróleo e gás) olhem países em desenvolvimento e com potencial crescente de demanda como uma oportunidade de negócio” disse Leão ao serviço Broadcast, do jornal Estado de S.Paulo.
A conjuntura está afastando a entrada de investimentos
Ao Valor Econômico, o especialista destacou que o timming da oferta não é bom. Tanto pela insegurança jurídica em torno da negociação – o STF está no meio de um julgamento sobre a legalidade da privatização – como pelas incertezas com relação à demanda por derivados pós-pandemia.
“São questões que, se não impactam o preço dos ativos, certamente afetam o apetite. Tenho visto um número pequeno de propostas [pelas refinarias]. Temos um cenário muito complexo. Não é o momento para venda” disse Leão ao Valor.
Incertezas jurídicas
O julgamento sobre a legalidade da venda das refinarias da Petrobras sem autorização do Legislativo foi suspenso nesta terça pelo ministro Luiz Fux quando o placar estava 3 a 0 a favor de uma liminar proibindo a privatização.
Para além disso, Leão disse ao Valor que não acredita no argumento de que a venda trará aumento de investimentos no país. O Ineep há tempos cita estudos de que a venda das refinarias deve trazer, no lugar do aumento na concorrência, monopólios privados.
“Não acredito que a transferência patrimonial para a iniciativa privada terá grandes impactos para o setor de refino. As refinarias brasileiras se complementam e não vejo espaço para um mercado concorrencial que afete os preços [dos derivados]. Não vejo mudanças significativas na cadeia produtiva por causa deste processo e não compartilho do argumento de que ele terá grandes investimentos” declarou ao Valor.
[Do portal do INEEP | A matéria do Estadão foi publicada no serviço fechado Broadcast. Clique aqui para ler a matéria no Valor]