Senado da França aprova reformas e petroleiros intensificam greve

O governo francês se empenhou no sábado (23) para restaurar os estoques de combustível no país, mas os sindicatos mantiveram suas posições…





Vermelho

O governo francês se empenhou no sábado (23) para restaurar os estoques de combustível no país, mas os sindicatos mantiveram suas posições quanto às refinarias de petróleo atingidas pelas greves depois de o Senado ter aprovado a reforma previdenciária na última sexta-feira (22).

Apesar de semanas de protestos e greves, que atingiram principalmente ferrovias e refinarias, a reforma mais polêmica do mandato do presidente Nicolas Sarkozy deve ser adotada na quarta-feira (27).

No primeiro dia de um recesso escolar que terá duração de 12 dias, o ministro dos Transportes, Dominique Bussereau, assegurou aos motoristas que os postos de combustível nas rodovias tinham bons estoques, mas reconheceu problemas em outros locais e pediu aos donos de veículos que não exagerem no reabastecimento.

A companhia estatal de ferrovias SNCF, da qual a greve causou redução de até 50 por cento das operações, anunciou a melhora na frequência nas linhas de alta velocidade – com oito de cada dez trens funcionando – para o feriado, mas afirmou que muitos outros serviços estão apenas a 50 ou 60 por cento dos níveis normais.

Sarkozy e seu governo de centro-direita se recusaram a voltar atrás em um projeto que busca aumentar a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos e elevar a idade no qual os trabalhadores podem receber a aposentadoria integral de 65 para 67 anos.

Procedimento especial

O projeto passou pela aprovação da Assembleia Nacional no mês passado e venceu também a segunda barreira na sexta-feira, quando o governo usou um procedimento especial para votar no Senado.

A adoção final da lei deve ocorrer na próxima semana, quando o projeto será passado para um painel que representa ambas as casas do Parlamento, antes de uma votação final, que o governo espera para quarta-feira.

A lei é uma das mais polêmicas reformas de austeridade fiscal adotadas por governos europeus, enquanto o continente tentar se reerguer após a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

A greve continua

As greves continuam nas 12 refinarias de petróleo da França, disse um porta-voz do sindicato CGT, e também no terminal petrolífero Fos-Lavera, no porto de Marselha, deixando cerca de 50 navios petroleiros sem condição de aportar.

Nas refinarias, os sindicatos obtiveram uma vitória na noite de sexta-feira, quando um tribunal derrubou uma ordem de retorno ao trabalho na unidade Grandpuits, ao leste de Paris, emitido pelo prefeito. Segundo a corte, a decisão não respeitava o direito de greve.

Até partidas de futebol de uma liga local em Picardie foram canceladas devido à falta de combustível.

Sindicatos dizem que os protestos nas ruas nesta semana atraíram cerca de 3,5 milhões de pessoas. Já o governo afirmou que a adesão foi pouco maior do que 1 milhão. Analistas políticos dizem que o governo pode estar esperando que o feriado escolar reduza a participação estudantil nas manifestações a seguir.