Agência Brasil
Na Argentina, o Senado aprovou na madrugada desta quinta-feira (26), por 63 votos a favor, 3 contra e 4 abstenções, o projeto que determina a expropriação de 51% das ações da petrolífera espanhola YPF. A aprovação da proposta contou com o apoio dos partidos da base aliada e do governo. A discussão em torno do tema durou mais de 14 horas. Apenas dois senadores faltaram à sessão. O texto argumenta que a expropriação atende a interesses públicos.
O projeto segue agora para votação na Câmara dos Deputados da Argentina – formada por 257 parlamentares. A previsão é que o texto seja inicialmente discutido e votado nas comissões de Energia, Assuntos Econômicos e Constitucionais para depois ir ao plenário da Casa. A ideia é votar a proposta até a próxima semana.
Os debates foram longos porque praticamente todos os presentes discursaram. Foram contrários à proposta Adolfo Rodríguez Saa, Liliana Negre de Alonso e Juan Carlos Romero Salta, do Partido Peronista. Abstiveram-se da votação Maria Eugenia Estenssoro (Coalizão Cívica), Blanca Monllau e Norma Morandini, além de Oscar Castillo (Frente Cívica e Social). Faltaram à sessão os senadores Carlos Menem e Roberto Basualdo.
O senador Marcelo Fuentes (FPV) alertou que a decisão do Parlamento não “resolve o problema” relacionado à exploração e ao abastecimento de petróleo e gás na Argentina. No entanto, ele considera a medida fundamental para garantir ao Estado a soberania energética. Argumento semelhante foi utilizado no dia 16 pela presidente Cristina Kirchner quando anunciou a expropriação.
O senador Gerardo Morales (UCR) acrescentou que a proposta conta com o apoio da “maioria da população”. Segundo ele, a YPF era alvo de críticas há vários meses. Para o senador peronista Romero, contrário à proposta, faltou ao governo Kirchner visão estratégica sobre o tema. Já a senadora Estenssoro, que se absteve, disse que discordava da reestruturação da petrolífera proposta pelo governo.
A expropriação da YPF gerou críticas e reações na comunidade internacional. A União Europeia condenou a medida e promete recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para impedir sua execução. No entanto, os países vizinhos à Argentina, inclusive o Brasil, apoiaram a proposta, justificando que a decisão foi baseada na soberania nacional.