Sindipetro-BA
Cerca de 200 pessoas entre trabalhadores diretos e terceirizados da Petrobrás, estudantes de direito, psicologia, recursos humanos, assistência social e segurança do trabalho, participaram do seminário “Assédio Moral no Ambiente de Trabalho- Saúde e Aspectos Legais”, no sábado, 14, em Salvador, Bahia. O evento foi também uma atividade da campanha reivindicatória 2013/2015.
A mesa de abertura do seminário foi bastante representativa, abrilhantando ainda mais o evento. Participaram o coordenador geral do Sindipetro Bahia, Paulo César Martin, o presidente da CUT Bahia, Cedro Silva, o diretor de SMS do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, o coordenador do Sindipetro NF e diretor da FUP, José Maria Rangel, o diretor de saúde da CUT nacional, Gilberto Salviano da Silva, a secretária de saúde da CTB estadual, Jaíra Santiago e a representante do CESAT, dra Eliane Cardoso Sales.
Promovido pelo NUCAM- Núcleo de Combate ao Assédio Moral e Sexual- do Sindipetro Bahia, o seminário reuniu importantes pesquisadores e personalidades da área jurídica. O evento contou também com o apoio do Núcleo de Prática Jurídica da UNIJORGE, através de parceria realizada pelo Sindipetro com o objetivo de inserir a academia nas discussões do mundo do trabalho. Uma plateia entusiasmada e atenta participou ativamente do seminário que teve uma duração de sete horas.
Muitos participantes aproveitaram a oportunidade para relatar casos de assédio moral que aconteceram na Petrobrás e em outras empresas. O coordenador geral do Sindipetro, Paulo César Martin, ressaltou a importância de informar os trabalhadores e sindicalistas para que segundo ele, “ juntos possam definir estratégias e combater o assédio moral dentro das empresas.” Para Deyvid Bacelar, diretor de SMS do Sindipetro, “ o seminário foi também uma grande oportunidade para a formação dos trabalhadores”.
A dra Margarida Barreto, pesquisadora da USP e médica do trabalho, em sua palestra, chamou a atenção para o fato de que “sempre por trás do assédio há uma cultura organizacional”. Para ela o assédio moral é uma forma de terrorismo, que desencadeia vários tipos de doenças. A pesquisadora criticou o que chamou de “capitalismo do desastre”, citando a crise no emprego, que afeta principalmente mulheres e jovens. E alertou que todos precisam ter consciência de que “quando um trabalhador é humilhado, todos estão sendo humilhados.”
A procuradora do Ministério Público do Trabalho, Rosangela Dias Lacerda, conceituou o assédio moral como uma realidade nefasta. Para ela a desconstrução deste tipo de assédio tem que passar por um caminho coletivo. A procuradora chamou a atenção para a necessidade de o trabalhador assediado coletar provas se pretende entrar com uma ação na justiça. E afirmou ainda que o “assédio moral é sempre um ato ilícito e anticonstitucional.”
O palestrante André Aguiar, doutorando em ciências sociais (UFBA) e mestre em Administração Estratégica (UNIFACS), que em seu mestrado estudou casos de empregados em litígio judicial trabalhista, ressaltou algumas ações trabalhistas, envolvendo inclusive a Petrobrás. Ele informou que constatou que a partir de 2006 houve um significativo aumento de ações de assédio na justiça. Para ele isto se deve “à divulgação do tema pelos sindicatos e a pesquisadores, em especial à dra Margarida Barreto.”
Clériston Bulhões, advogado trabalhista e assessor do Sindipetro, também relatou diversos casos de assédio moral e como foram abordados na justiça. O advogado alertou para o fato de o empresariado estar sempre tentando banalizar a denúncia do trabalhador, intitulando-a de “indústria do dano moral.”