O evento reunirá os principais representantes econômicos, políticos e sociais da Região…
O evento reunirá os principais representantes econômicos, políticos e sociais da Região e do País para pensar em propostas de ações de curto, médio e longo prazos para combater a crise no ABC
Começa nesta quarta-feira (11) o seminário O ABC do Diálogo e do Desenvolvimento, que reunirá os principais representantes econômicos, políticos e sociais da Região e do País. O objetivo é apresentar ideias e propostas de ações de curto, médio e longo prazos para combater a crise no ABC.
Propostas que, ao partirem de uma região de importância vital para o País, poderão servir de modelo para outras regiões.
No primeiro dia de evento, estarão reunidos os setes prefeitos da Região, o governador do Estado, José Serra, e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, além de representantes da Anfavea, do Sindipeças e de diversos setores da sociedade civil. Ainda do governo federal, o seminário terá a participação do ministro Carlos Lupi, do Trabalho, e de Armando Meziat Neto, secretário do Ministério do Desenvolvimento.
Os sete prefeitos da região estarão no encontro. Juntos, eles irão administrar um orçamento superior a R$ 6,1 bilhão neste ano, valor maior que o orçamento do Estado de Alagoas, de R$ 5,7 bilhões.
Já o setor automotivo, que terá a Anfavea e o Sindipeças no seminário, responde por 5,4% do PIB brasileiro. Isto representa cerca de R$ 100 bilhões, sendo que 35% são originados no ABC. Setores igualmente importantes, como a construção civil e a indústria plástica, também confirmaram a presença, junto com representantes das indústrias locais.
A participação do governo federal também será de peso. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, administra um dos maiores programas de investimentos da história do País, o PAC, com R$ 540 bilhões reservados para os próximos anos.
Nelson Henrique Barbosa Filho, secretário de Política Econômica, é um dos principais elaboradores e executores das políticas do Ministério da Fazenda. Grande parte das medidas anticrise adotadas pelo governo federal passaram por suas mãos.
Negociação
No meio, aparece com destaque o movimento sindical do ABC, um dos principais apoiadores e incentivadores da prática da negociação tripartite, aquela que reúne trabalhadores, empresários e poder público. Estão dadas as condições para que a região saia fortalecida e mais unida, para superar o momento a partir do seminário.
Grupos temáticos farão propostas
No segundo dia de evento, quinta-feira (11), serão formados cinco grupos que terão, em média, a participação de 50 pessoas. Encarregados de aprofundar o diagnóstico e apresentar propostas em relação aos temas centrais na retomada do desenvolvimento regional — crédito, tributos, enfrentamento ao desemprego, relações de trabalho e trabalho decente.
"Desta forma provocaremos a reativação da Câmara Regional como espaço de busca de soluções para os problemas do ABC, retomando a tradição de procurar soluções articuladas para os problemas regionais", disse o vice-presidente do sindicato.
De acordo com ele, será a melhor forma de evitar a visão individualizada dos problemas regionais, buscando mais uma vez sua superação por meio de um esforço do poder público e da sociedade civil.
"Em cada grupo teremos representantes dos trabalhadores, do poder público e das empresas. Todos apresentarão suas ideias sobre cada tema e, a partir daí, construiremos os consensos", explica Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato.
Emprego
Rafael destaca que os debates de todos os grupos são realizados com a perspectiva de manutenção e geração de postos de trabalho. "Em nossa pauta, qualquer medida que mexa com orçamento ou financiamento público deve ter o emprego como foco central", assinala.
Ele acredita que, com os debates, a região poderá assumir um compromisso com a formalização, isto é, com a carteira assinada e medidas conjuntas de atenção ao jovem, como qualificação e estímulo à profissionalização.
Outro tema que o dirigente acredita que atrairá muita atenção é o crédito. A dificuldade em conseguir dinheiro é apontada por empresários como uma trava para a retomada da produção.
Uma das sugestões é democratizar o acesso das médias e pequenas empresas às linhas do BNDES e insistir na redução da taxa de juros.
Rafael também destaca os debates que acontecerão sobre tributos, pois medidas importantes como a igualdade nas alíquotas dos impostos municipais entre as sete cidades do ABC podem surgir para impedir a guerra fiscal local.
Um encontro para pactuar o futuro
"Produzir 100 ninguém vai, 50 é o mínimo. Então porque não podemos pactuar em produzir 70?". A frase de Fausto Cestari, secretário executivo do Consórcio de Prefeitos do ABC, dá a ideia do que a região espera do seminário O ABC do Diálogo e do Desenvolvimento.
Para o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, a atual conjuntura econômica pede a união de trabalhadores, empresários e poder público. "A crise colocou em posições contrárias os diversos agentes envolvidos. Mas, essa é uma crise que só vamos vencer com uma agenda comum", afirmou.
Sérgio Nobre disse que a atual crise difere de outras, porque antes previa-se como seria o desfecho. Essa não. Ninguém consegue traçar um prognóstico do que acontecerá nos próximos meses na sua opinião. "A grandeza do seminário está em estabelecer o mínimo de previsibilidade", comentou.
O coordenador regional do Ciesp, Willian Pesinato, aposta no mesmo caminho. "A experiência da industrialização e do desenvolvimento das relações de trabalho nos dão essa capacidade de negociar", afirmou. Ao lembrar de experiências parecidas, o presidente da Associação Comercial de São Bernardo, Valter Moura, acrescentou que a região conseguiu se unir para discutir a superação de várias outras crises econômicas.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino da Silva, o Martinha, comparou o seminário com a formação da Câmara Setorial do Setor Automotivo, em 1992. "Foi a partir de uma agenda positiva do ABC que estabelecemos um acordo com metas de produção e emprego. Podemos fazer isso de novo".
União para buscar soluções e alternativas
O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (foto), também presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, disse que no momento em que a pauta principal do País gira em torno da crise mundial, unir sindicatos de trabalhadores, entidades empresariais, poderes públicos municipais, Estado e União para buscar soluções e alternativas que diminuam o efeito da crise é de extrema importância.