CUT e centrais sindicais estiveram juntas nessa quinta-feira (18) na mesa de abertura do Seminário Internacional Saúde, Trabalho e Ação Sindical promovido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), na sede da Escola Sindical do Dieese, em São Paulo.
O evento reuni 150 pessoas, entre sindicalistas, representantes da academia e outras ligadas ao campo da Saúde do Trabalhador e tem o objetivo de debater os efeitos da organização do trabalho sobre a Saúde do Trabalhador em todo o mundo. Estiveram presentes delegações da Argentina, Espanha e França.
O seminário conta com apoio do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat), da CUT e demais centrais, do Sindicato Únicos dos Empregados em Estabelecimentos de Serviço e Saúde de Osasco e Região, do Sindicato dos Oficias Marceneiros de São Paulo e do Consulado de França em São Paulo.
Para a Secretária da Saúde do Trabalhador da Central Única do Trabalhador (CUT), Junéia Martins Batista, discutir a saúde nesta conjuntura política é fundamental. “Todas as medidas que o governo vem anunciando desde dezembro do ano passado, TODAS, prejudicam e afetam a saúde do trabalhador”, destaca ela.
Na opinião da CUT é essencial a Organização no Local de Trabalho (OLT) para que os trabalhadores identifiquem o que de fato afeta sua saúde e tenham condições de discutir e propor mudanças pela melhoria dos ambientes e dos processos de trabalho. “Dessa forma você envolve o trabalhador na discussão para poder debater com os outros trabalhadores. Não adianta ter equipamento e proteção individual – EPI, se os trabalhadores não têm o direito de avaliar as condições em que trabalham. Organização do local de trabalho, é uma discussão que a CUT faz desde a década de 80” lembra Junéia. “Há uma enorme diferença entre trabalho prescrito e trabalho real. Só quem faz o trabalho que sabe como é o processo”, finaliza a secretária.
Nós estamos vivendo num momento do país de redução do ritmo de atividade econômica e que historicamente quando acontece isso, a tendência é a precarização das condições de trabalho com impactos na saúde do trabalhador. O Diretor da Escola DIEESE de Ciências do Trabalho, Nelson Karan, afirma que o objetivo do seminário é trazer o debate das relações do trabalho e da saúde junto com a classe trabalhadora. “No seminário serão apresentadas várias visões e o DIEESE vai disponibilizar vários estudos e pesquisas sobre o tema”, afirmou Nelson.
O trabalhador que realiza o processo, que vai resultar num produto final, é quem sente o peso das más condições de trabalho. “A dificuldade é o trabalhador perceber a relação da saúde com o ambiente do trabalho. Ele não reconhece o adoecimento como vinculado ao exercício do trabalho”, afirma ele.
O Trabalho permite o desenvolvimento da pessoa e faz construir a própria identidade. Para o representante do Conselho Nacional de Investigações Cientificas e Técnicas (Conicet) da Argentina, Julio Neffa, o trabalho também é um desafio. “O trabalho implica envolvimento, compromisso e se faz o que gosta pode ser até uma função terapêutica. É bom lembrar que não é o trabalho que adoece e sim a condição no qual se executa o trabalho”, finaliza ele.
Fonte: FUP