Sem Terra é ferido e famílias são despejadas em Tocantins

Trabalhadores acampados do MST vivem situação de insegurança em Araguatins, no Tocantins…

MST

Trabalhadores acampados do MST vivem situação de insegurança em Araguatins, no Tocantins. Na última quinta-feira (2/4), o acampamento Alto da Paz, localizado ao lado da fazenda Santo Hilário, sofreu um atentado. Os acampados relataram que, por volta das 12h, três pessoas em um carro realizaram disparos com arma de fogo contra um grupo de Sem Terra, com crianças, mulheres e um portador de deficiência física. Conforme os relatos, foram realizados cerca de cinco disparos e um trabalhador foi atingido no braço.

No dia seguinte, na sexta-feira (3/4), uma ação de reintegração de posse despejou as 100 famílias acampadas. Elas resitem às margens da Fazenda Santo Hilário há seis anos e possuem projetos de sustentabilidade como roças e casa de farinha. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) disputa a titularidade da fazenda na Justiça com o Itertins (Instituto de Terras do Estado do Tocantins). O processo está no Supremo Tribunal Federal.

Despejo

Segundo uma moção feita pelas organizações sociais do Tocantins, a ação de reintegração de posse não respeitou a Diretriz 2/2008 da Polícia Militar, que na execução de mandados judiciais como este, determina o dever do comandante da polícia de comunicar diversas organizações públicas e entidades de direitos humanos ligados à defesa da terra sobre a ação. Durante a ação, trabalhadores foram presos e uma pessoa foi agredida. Os policiais realizaram disparos e casas foram danificadas. Foi a terceira ação de despejo sofrida pelos acampados, que estão neste momento morando no pátio da sede do Incra, em Araguatins.

Outros conflitos

No dia 8 de agosto de 2007 a fazenda Santo Hilário foi cenário de um conflito entre Sem Terra, pistoleiros e policiais militares, o que acabou ocasionando a morte do lavrador José Reis, de 25 anos. Até o momento, as circunstâncias e autoria do crime não foram esclarecidas. Anos antes, em agosto de 2004, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego resgatou da fazenda 13 pessoas de uma mesma família vivendo em condições degradantes, entre elas havia três menores. Foram libertados também seis trabalhadores em condições de escravidão.