Sem receber salários, trabalhadores da Elfe deflagram greve em todo o país

A empresa não está pagando os salários e acumula violações aos direitos trabalhistas. Greve é por tempo indeterminado

[Da Comunicação da FUP, com informações dos sindicatos]

Trabalhadores e trabalhadoras da Elfe cruzaram seus braços e entraram em greve nas bases da empresa em todo o Brasil. A empresa não está pagando os salários, a gratificação de férias e nem a rescisão dos demitidos. Tem atrasado também o pagamento do ticket alimentação e do 13º salário e não está depositando o FTGS em alguns de seus contratos. A FUP e seus sindicatos vêm denunciando de forma sistemática as irregularidades, e alertando aos trabalhadores sobre um possível calote da empresa. Cansados de sofrer as consequências da conduta equivocada da empresa, trabalhadores das diferentes bases da empresa em diversas regiões do Brasil decidiram tomar uma atitude.

Bahia

No Estado da Bahia, a paralisação atinge os contratos da Elfe com a Petrobrás, com a Cerb, os de automação e a Facility Taquipe. Segundo foi decidido pelos trabalhadores e trabalhadoras, a categoria só retornará às suas atividades depois do pagamento dos salários e benefícios atrasados.

O Sindipetro Bahia já enviou inúmeras notificações à Elfe, à Ceb e à Petrobrás para que a situação seja tratada com a seriedade e urgência que merece, mas nada foi feito, deixando os trabalhadores amargar prejuízos que hoje ultrapassam a questão financeira. “Os trabalhadores estão abalados emocionalmente, pois vivem em um corda bamba e se sentem inseguros, pois além de receber seus salários, correm risco de demissão e de calote “, lamenta o Diretor de Comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa.

O sindicalista também critica a postura da gerência da Petrobrás que “não toma providências para garantir os direitos dos trabalhadores da Elfe, pois como contratante ela tem esta obrigação”. O Sindipetro já alertou diversas vezes para um possível calote da Elfe, tem denunciado de forma sistemática as irregularidades praticadas pela empresa e vem realizando paralisações e greves para evitar que os trabalhadores saiam prejudicados.

Rio Grande do Norte

Exaustos de consecutivas falsas promessas e atravessando uma situação similar à dos companheiros e companheiras da Bahia, trabalhadores e trabalhadoras da Elfe do RN reunidos em assembleia deliberativa virtual realizada na segunda, 09, aprovaram também uma greve por tempo indeterminado. A decisão atinge contratos das bases marítimas e terrestres nas cidades de Mossoró, Assú, Caraúbas e Guamaré.

A deflagração do movimento paredista ocorre após a constatação de que a direção da Elfe violou mais uma vez o acordo firmado entre empresa e SINDIPETRO-RN no último sábado, 07, em que se comprometeu a pagar 100% dos salários de todos os contratos da base potiguar nesta segunda, até às 20 horas. De acordo com os trabalhadores, apenas algumas pessoas receberam cerca de 30% dos salários em suas contas bancárias.

Além disso, a insatisfação dos trabalhadores não para nos salários. A categoria questiona o constante atraso no pagamento do ticket alimentação, pensões judiciais, férias, rescisões, horas extras, reembolso de diárias de hotéis e depósito do FGTS. Os trabalhadores também denunciam a precariedade dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) fornecidos pela empresa, o que compromete a integridade e saúde dos profissionais.

O Coordenador do Sindipetro-RN, Ivis Corsino, destacou que a decisão da assembleia é soberana e que a partir desta terça, 10, serão realizadas atividades da greve, bem como as medidas jurídicas junto à Petrobras e Ministério Público do Trabalho.

Nesta terça, 10, a direção do sindicato esteve nas bases do Canto do Amaro, Fazenda Belém e Usina Termelétrica do Vale do Açu para organizar a greve junto com os trabalhadores e assegurar o contingente mínimo nas atividades da empresa. Com a mesma finalidade, também foi realizada uma assembleia virtual com trabalhadores que atuam no mar nas bases do RN e CE.

Espírito Santo

Na manhã de segunda-feira (09), 20 trabalhadores da automatação da Elfe localizados na base 61, em São Mateus (ES) votaram também a realização de greve até a empresa pagar os salários e tíquetes atrasados.
A mobilização dos trabalhadores contou com o apoio da diretoria do Sindipetro/ES, que esteve presente na manifestação. O sindicato já entrou em contato com a empresa e informou a decisão da categoria.

Minas Gerais

Em Ibirité (MG), os trabalhadores da Elfe não são organizados no Sindipetro/MG, filiado à FUP. Porém, de forma espontânea decidiram pela paralisação. O Sindipetro/MG realizará nesta quarta-feira (11) uma ação de atraso nas suas bases, pressionando a Petrobrás a interferir no problema. Em paralelo, ocorrerá uma ação de solidariedade com entrega de cestas básicas para esses trabalhadores que estão sem receber salários, além de outros trabalhadores que foram demitidos sem justificativa nos últimos meses, sem ainda terem recebido qualquer valor referente à rescisão.

Outro estado onde os trabalhadores estão sendo afetados pela mesma situação é o Rio Grande do Sul. O Sindipetro-RS está prestando solidariedade e apoio jurídico à categoria nesta difícil situação.

São Paulo

Em São Paulo, os trabalhadores e trabalhadores dependentes da Elfe na Refinaria de Paulínia (Replan) vivem a mesma situação. Falta de pagamento, falta de transporte, diversas pendências com relação a direitos trabalhistas são a vivência do dia a dia da categoria.

A empresa já foi multada diversas vezes pela Petrobrás, que dá sinais de que pode rescindir o contrato com a terceirizada.

Nesta terça-feira, numa reunião programada com a Petrobrás, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) irá cobrar novamente da contratante que assuma seu papel na defesa dos trabalhadores.