Sem participação da CIPA, parada de manutenção na FAFEN-BA já acumula três acidentes em quatro dias

A direção do Sindipetro Bahia sempre alertou: a CIPA é grande ferramenta na prevenção de acidentes, principalmente nas paradas de manutenção, e a FAFEN-BA sempre soube disso, pois sempre permitiu que a CIPA se fizesse presente. Mas nessa parada isso não ocorreu.

A Parada Programada Parcial 2017 da FAFEN-BA parece mais ter sido uma Parada de Emergência. Primeiro os trabalhadores foram orientados por e-mail a descumprir a 1ª REGRA DE OURO (Permissão para Trabalho), além de procedimentos corporativos de PT e Análise de Risco.

Segundo a comunicação institucional emitida pelos gerentes setoriais, o fato da FAFEN-BA ter decidido utilizar um tal “Diagrama de Rede”, ao invés da conhecida “Ordem de Manutenção” nas atividades de manutenção da parada, implicou no descumprimento da LVT- Lista de Verificação de Tarefa – que é uma lista vinculada especificamente a uma atividade na Permissão para Trabalho (PT).

O procedimento corporativo de PT da Petrobras (PE-2IND-00107) proíbe que a LVT seja genérica justamente para proteger a vida do executante de manutenção, mas a FAFEN-BA determinou que a parada fosse conduzida desta forma. Assim, qualquer PT emitida tem uma LVT genérica, independente da atividade a ser realizada, obrigando o executante a preencher de forma proibida pela norma interna.

Com isso há obrigatoriamente o descumprimento da 1ª REGRA DE OURO que diz que o executante deve ter total entendimento da permissão que lhe foi dada:

“Somente trabalhe com Permissão para Trabalho válida, liberada no campo e de seu total entendimento.”

Se o executante tem a prerrogativa de colocar “NÃO SE APLICA” em qualquer campo da LVT, como determinando 

pela FAFEN-BA, significa que ele é quem escolhe o limite da permissão e não o emitente. Anula-se deste modo a própria lista de verificação e com ela a proteção do trabalhador.

Se a FAFEN-BA quer corrigir o erro na gestão de planejamento da Parada de Manutenção não deveria ser colocando em risco a vida dos trabalhadores.

Outras questões que merecem ser respondidas aos trabalhadores são:

  • Quem e porque escolheram o Diagrama de Rede para gerir a parada se este método é utilizado exclusivamente em projetos?
  • Se o Diagrama de Rede dificulta o rastreamento dos custos de manutenção da Parada porque a FAFEN-BA deliberadamente escolheu este método?
  • Se o Diagrama de Rede impede o uso correto da Permissão para Trabalho inserindo risco real à atividade de manutenção porque o trabalhador é quem tem que pagar essa conta?

GOLPE NA CIPA

A direção do Sindipetro Bahia também recebeu a informação de que os cipistas eleitos estão sendo impedidos pelo presidente de participar da parada e não era para menos: os cipistas, conhecedores dos procedimentos de segurança da Petrobrás, não permitiriam que os trabalhadores corressem tanto risco na emissão de PT.

Mas o pior ainda estaria para ocorrer.

A FAFEN-BA dissolveu a CIPA eleita e criou, por decreto, uma CIPA “pra chamar de sua” e sequer deu divulgação à força de trabalho.

O Sindipetro recebeu a denúncia de que, meio da DIP FAFEN-BA nº 150/2017 (Documento Interno Petrobras), em 18/09/2017 o Gerente Geral da FAFEN-BA instituiu nova CIPA com 6 integrantes, sendo que nenhum deles é da operação. Pasmem, a manutenção é na planta industrial e nenhum operador da planta faz parte desta CIPA golpista.

Isso mostra o quanto a FAFEN-BA está descomprometida com a proteção do trabalhador, pois se tivesse realmente um compromisso com a vida como alardeia aos investidores e público externo, manteria a CIPA eleita pelos trabalhadores durante a parada de manutenção.

O descompromisso é tamanho que não se importam em divulgar notícias sobre a parada com fotos de trabalhadores sem luvas, em cima de tubulações, etc.

As normas deste país nunca foram tão aviltadas pela Petrobrás como agora, onde os gestores se arvoram para cumprir suas metas escusas à custa dos trabalhadores. Não respeitam as leis, não respeitam a vida, não respeitam nada.

COMPROMISSO COM A MORTE

Mas o que começa errado não termina bem.

Em quatro dias, três acidentes foram denunciados ao Sindipetro, mas somente um foi comunicado oficialmente pela FAFEN-BA.

No último acidente ocorrido dia 26/09, o mecânico da NEAC teve a mão imprensada e ainda caminhar até a portaria para que um veículo o conduzisse até um hospital. O motivo? Não tinha ambulância.

Testemunhas contaram que logo após a saída da vítima pela portaria, a ambulância da FAFEN-BA chegou rebocada por corda, o que é proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro e pela REGRA DE OURO Nº 8.

Perceba. Uma ambulância do SMS é rebocada por corda pelo Polo Petroquímico descumprindo a REGRA DE OURO do próprio SMS, além do Código de Trânsito Brasileiro. Vivemos momentos sombrios.

No acidente anterior, ocorrido em 25/09 por volta das 18h, o caldeireiro da ELOS lesionou o joelho durante a movimentação do boleado do 103-C na unidade de Amônia e até o fechamento desta matéria a FAFEN-BA não havia se manifestado sobre o ocorrido.

Na situação pela qual passa a FAFEN-BA com o efetivo reduzido, abrir mão da participação da CIPA da unidade, burlar procedimentos de segurança da Petrobrás e do Código de Trânsito, além de não comunicar ao Sindipetro e às autoridades públicas a ocorrência de acidentes de trabalho dentro da fábrica não pode ser conduta capaz de preservar a integridade dos trabalhadores e a imagem da Petrobrás.

Agindo assim, a Petrobrás e a FAFEN-BA deixam claro que o “Compromisso com a VIDA” é uma mentira, o Código de Ética é falso e a MORTE é a Regra de Ouro nº 11, a única que pretendem cumprir.

Fonte: Sindipetro-BA