“Este cidadão cometeu o crime de provar que esse país pode dar certo. Se alguém tem vergonha da Petrobras, Dr. Moro, eu tenho orgulho. De ter feito a Petrobras ser a empresa extraordinária que foi. Tenho orgulho de a Petrobras deixar de ter três bilhões de investimento por ano para chegar a 30 bilhões. Tenho orgulho da contratação de funcionários. Se dentro da Petrobras teve alguém que roubou, que pague. Mas eu tenho orgulho do que eu tentei fazer, sobretudo depois da descoberta do Pré-Sal”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na parte final de seu depoimento no dia 10 de maio ao juíz Sérgio Moro.
“Eu estou sendo julgado pelo que eu fiz no governo. Eu estou sendo julgado pela construção de um Power Point mentiroso, que é ilação pura. Aquilo deve ter sido [feito por] algum cidadão, com todo respeito, que, desconhecendo a política, fez um Power Point porque já tinha uma tese anterior de que o PT era uma organização criminosa, que o Lula, por ser o presidente, era o chefe e que, portanto, o Lula montou o governo para roubar. Essa é a tese do contexto que está colocado. E é uma tese eminentemente política”, frisou o ex-presidente, calando o juiz da Lava Jato.
Nas considerações finais de seu depoimento, Lula também denunciou a relação de Moro com a imprensa nos vazamentos seletivos que a mídia tem usado para lhe atacar: “Nos últimos depoimentos de pessoas que citaram meu nome, quais eram as manchetes no dia seguinte, qual era o tratamento que o Jornal Nacional dava à figura do Lula? Era a de criminalizá-lo. Ou seja, é preciso criminalizar independentemente de, daqui a dois anos, ele provar que é inocente. Então, Dr. Moro, é importante que o senhor saiba: de março de 2014 para cá, são 25 capas na Isto É, criando a imagem de monstro. Na revista Veja são 19 capas. Na Época, 11 capas. Dentro [das revistas] é demonizando o Lula. Meus acusadores nunca tiveram 10% do respeito que eu tenho por eles”.
Apesar do juiz tentar impedir que Lula continuasse acusando a mídia, o ex-presidente prosseguiu: “A Folha de São Paulo, no mesmo período, teve 298 matérias contra o Lula e apenas 40 favoráveis. Todas com informações da Polícia ou do Ministério Público. Eles não assumem [jornais], culpam alguém. O jornal O Globo, ‘o mais amigo’, tem 530 matérias negativas contra o Lula e oito favoráveis. O Estadão, que é ‘mais amigo ainda’, tem 318 matérias contrárias e duas favoráveis. Aliás, nesses jornais, parece que tem gente com mais informações que os advogados de defesa. Tudo passa por eles: antes, durante e depois. Eu pacientemente venho assistindo”.
Lula deu um destaque especial às manipulações da Rede Globo, em suas considerações finais ao juiz Sérgio Moro: “Só o Jornal Nacional foram 18 horas e 15 minutos nos últimos 12 meses. Sabe o que significam 18 horas falando mal de um cidadão? Doze partidas de futebol entre o Barcelona e Atlético de Madri”. Confira o vídeo: