Após muita pressão da diretoria do Sindipetro-NF, durante a reunião de Cipa da base de Imbetiba realizada na terça, 10, a Petrobrás apresentou sua proposta no campo da Saúde Mental de seus trabalhadores do Compartilhado. O afastamento por transtornos mentais é a segunda causa de falta ao trabalho e de perda de homens hora de trabalho Cia. Além de representantes do Sindipetro-NF e cipistas, também estiveram presentes os coordenadores médicos dos Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO da UO-BC, E&P Serv, E&P COM, entre outros. A convite do sindicato, a Dra. Silvia Jardim, Doutora em Psiquiatria e Coordenadora do Programa de Atenção à Saúde Mental dos Trabalhadores da UFRJ (PRASMET/IPUB/UFRJ) fez uma apresentação durante a reunião.
De acordo com Petrobrás, o Projeto teve início em 2009, mas só se tornou realidade três anos depois. Agora, em 2015, passa a ser um Programa em nível nacional para trabalhadores do Compartilhado e para outros de outras Unidades que solicitarem o apoio, acompanhamento e auxílio em “readaptações”, que tiverem contra-indicação para permanecerem seus postos de trabalho desenvolvendo as mesmas atividades anteriores à sua licença médica por transtorno mental.
Segundo o médico do trabalho do Sindipetro-NF, Dr. Ricardo Duarte, “pela 1ª vez, em 60 anos de empresa, a Petrobrás apresentou um projeto voltado para a saúde mental. O que escutamos durante a apresentação, transitou entre a boa intenção da equipe que faz parte desse Projeto e a realidade que vivemos. Em nenhum momento foi feita qualquer referência à experiências dessa equipe ou dos Coordenadores dos PCMSO, quanto ao reconhecimento da presença de transtornos mentais em trabalhadores da Petrobrás e de seu nexo com o trabalho.
Na reunião, os coordenadores médicos valorizaram a proposta do novo programa. A diretoria do Sindipetro-NF questionou que a Petrobrás estava descumprindo cláusula de ACT, no que tange a implantação em nível nacional de ações em saúde mental.
Os coordenadores da empresa abordaram as questões inerentes aos problemas ósteomusculares (coluna vertebral, joelhos, etc…), informando que os mesmos são a primeira causa de afastamento do trabalho na empresa, de ausência na Petrobrás e perda de homens hora no trabalho. Consideram que os problemas são decorrentes da idade e obesidade dos trabalhadores, da prática de esportes radicais pelos mesmos, assim como por serem portadores de doenças crônicas degenerativas não ocupacionais.
Dr. Ricardo Duarte criticou que em nenhum momento os problemas ósteomusculares foram relacionados aos riscos no trabalho e suas possíveis repercussões sobre a saúde dos trabalhadores.
A diretoria do NF afirmou que as CATs estavam sendo preenchidas sem os critérios propostos pela Legislação Brasileira e a boa prática médica (fraturas, luxações e queimaduras sem afastamento do trabalho ou descrição da gravidade das lesões). Os coordenadores disseram que todas as CATs são emitidas pelos médicos da empresa.
A Coordenadora do PCMSO UO-BC e Gerente de Saúde, Dra. Sheila, disse que em alguns casos de fratura não há necessidade de afastamento, tendo em vista que os trabalhadores podem continuar trabalhando com restrições. O Sindipetro-NF não concorda com essa visão da empresa e irá questionar a respeito.
“Essa reunião foi uma experiência rica para nós do NF, porque os coordenadores de PCMSO demonstraram em público as suas visões de uma realidade que só visa a produção, em detrimento daqueles que produzem. Se os profissionais de saúde acham isso podemos imaginar as outras chefias que, salvo raras exceções, vão se apropriar dessas “falas técnicas” de responsáveis pela saúde de trabalhadores e aplicá-las em seu cotidiano” – comenta Dr. Ricardo Duarte.
Fonte: Sindipetro NF