Vermelho
Em coletiva ocorrida no começo da noite desta quarta-feira (19) no Palácio Bandeirantes, em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad anunciaram a revogação do preço da tarifa do transporte coletivo: ônibus, trem e metrô, dos atuais R$ 3,20 para R$ 3,00. No mesmo instante, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, confirmou também a redução do preço da tarifa do transporte de R$ 2,95 para R$ 2,75.
Na coletiva, Haddad ressaltou que este é um gesto de abertura e de diálogo com a população. “Ouvimos ontem [18] o Conselho das Cidades, e desde então, estamos em diálogo permanente para que o orçamento fosse repensado”.
Mais cedo, o prefeito Haddad reiterou o que ele chama de “equívoco” que está sendo alimentado na grande mídia. “Ao contrário de todas as outras prefeituras do Brasil, a Prefeitura de São Paulo segurou o aumento até a desoneração que o governo federal promoveu e deu o reajuste descontado até a desoneração”, disse. Durante a coletiva, ele lembrou que em maio o governo Dilma Rousseff desonerou a cobrança do PIS/Cofins sobre o transporte público para reduzir o impacto sobre a tarifa, o que reduziu o aumento de R$ 3,40, para R$ 3,20.
Na noite de terça-feira (18), Fernando Haddad se reuniu com a presidenta Dilma, que já havia se encontrado com o ex-presidente Lula, para tratar sobre a pauta da mobilidade urbana. Um dos pontos discutidos, ainda segundo relato do prefeito, foram os recursos federais para a construção de corredores de ônibus no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê a construção de corredores de ônibus que impactam na redução das despesas com combustível, com a redução do tempo de viagem, além de aumentar o número de passageiros transportados em menos tempo.
O prefeito paulistano voltou a defender sua proposta de campanha, o bilhete único mensal, cujo lançamento ainda não tem data marcada. “Não vamos abrir mão da proposta que fizemos na campanha, que foi largamente debatida. Abrir mão de uma proposta que fizemos e com a qual nos comprometemos para usar o recurso em outra direção é criar uma contradição, que não deveria ocorrer. É criar uma contradição entre a rua e a urna que tem sua importância”, declarou. “Não há essa contradição entre a rua e a urna que estão querendo criar”, completou.
Rio de Janeiro
Na cidade carioca, o valor havia sido aumentado para R$ 2,95 no dia 1º de junho. O reajuste no valor gerou protestos em todo o Brasil. No Rio, foram cinco protestos, sendo que o último, na segunda-feira (17), reuniu uma multidão de 100 mil pessoas nas ruas do Centro. Apesar de ter começado pacífica, a passeata terminou em quebra-quebra e tumulto em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Outras capitais
Cuiabá, João Pessoa, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife e Vitória já tinham anunciado a redução do valor da passagem do transporte coletivo de suas cidades. Com exceção de Cuiabá e Porto Alegre, as outras cinco cidades já haviam aumentado o preço neste ano. E agora voltaram atrás.
Desde o início do ano, 11 capitais brasileiras aumentram a tarifa de ônibus municipais em 2013, com base nos dados disponibilizados pelas prefeituras. Os preços dos ônibus aumentaram neste ano em Aracaju, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Manaus, Natal, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória.
Em Goiânia, a passagem subiu de R$ 2,70 para R$ 3 no dia 22 de maio, provocando uma onda de protestos, e o reajuste foi suspenso temporariamente por decisão judicial. Na noite desta segunda (17), houve uma decisão sobre o novo aumento: a passagem irá de R$ 2,70 para R$ 2,85.
A decisão de revogar os aumentos dos preços das passagens do transporte coletivo é uma vitória da mobilização popular.