Presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres, diz que o Brasil perde 5 mil empregos diretos e até 50 mil indiretos com a saída da Ford do Brasil
[Da Rede Brasil Atual | Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari]
Para o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres, o anúncio da saída da Ford do país é sinal do desgoverno comandado pelo presidente Jair Bolsonaro. “É uma notícia lamentável para o país.” Além disso, ele afirma que a montadora rompeu acordos com a categoria, após ter recebido R$ 20 bilhões em isenções fiscais nas últimas duas décadas.
“A lógica desse governo é destruir empregos e direitos”, disse Cayres, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (12). “A Ford, que é capitalista, vai na mesma linha”, criticou.
“Diziam que haveria melhores empregos com as reformas trabalhista e da Previdência, após o impeachment de Dilma. O que estamos percebendo é que nada disso resolveu”, acrescentou o sindicalista.
Nesta segunda-feira (11), a montadora norte-americana anunciou que está deixando o Brasil, depois de um século de atividades. Com isso, 5 mil trabalhadores serão demitidos com o fechamento das fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE). No entanto, cerca de 35 a 50 mil postos de trabalho indiretos também devem ser fechados com a saída da montadora, segundo o sindicalista.
Cayres também criticou o governo, que acabou com sobretaxas e cotas de importação para montadoras que não tivessem fábricas no Brasil. Com isso, a Ford continuará tendo vantagens ao importar para o Brasil veículos produzidos na Argentina e no Uruguai.
Ele destacou que em 2019, a Ford já havia encerrado as atividades da fábrica de São Bernardo do Campo. Isso demonstra que os problemas enfrentados pela empresa antecedem a queda nas vendas em função da pandemia. “Mas já havia a crise instalada pela lógica de como esse governo atua”, frisou o líder sindical, sobre o que chama de “desgoverno” de Bolsonaro frente ao caso da Ford.
Boicote
A CNM, a CUT e a Força Sindical devem realizar reunião para avaliar as respostas a serem tomadas para tentar preservar os direitos dos trabalhadores. Além disso, Cayres afirmou que os metalúrgicos devem lançar uma campanha de boicote aos veículos da montadora norte-americana.
“Tenho um carro Ford. Mas, diante dessa situação, vou vendê-lo. Vou comprar um veículo de uma marca que respeite os sindicatos e os trabalhadores do nosso país. Não podemos aceitar que a empresa vire as costas para o país, mas continue vendendo seus produtos”.
Veja a íntegra da entrevista: