Saiba como ajudar as vítimas do temporal no litoral paulista

Foto: Sérgio Barzaghi/Governo do Estado de SP

Oficialmente foram registradas 49 mortes após os temporais no litoral norte de São Paulo, mas vítimas fatais seriam 54, segundo o governador Tarcísio de Freitas

[Da redação da CUT, com informações do Brasil de Fato e agências de notícias]

A chuva que provocou a tragédia no litoral norte do estado de São Paulo deve continuar nos próximos dias, com menor intensidade. A previsão, segundo o clima tempo é de sol com pancadas de chuva à tarde e à noite nesta quinta-feira (23), até o próximo dia 5/3 (domingo), mas ela volta a cair a partir de terça-feira (6/3) a quinta (9/3), última data da previsão de tempo.

Deve chover entre 30 e 40 milímetros por dia, o que é muito em um solo já bastante encharcado, disse à CNN, o tenente Maxwel Souza, porta-voz da Defesa Civil de São Paulo. O temporal que caiu sobre o litoral norte foi de 682 mm, o maior índice pluviométrico já registrado no país.

O clima tem dificultado a busca por pessoas desaparecidas em meio a muita lama e deslizamentos provocados pela tempestade que atingiu principalmente a cidade de São Sebastião e parte de Ubatuba e Ilha Bela, no último fim de semana.

Oficialmente há 49 mortos, mas segundo o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos) mais seis corpos foram encontrados, elevando este número para 54. A maioria dos mortos foi encontrada em São Sebastião, na Vila Sahy, a mais atingida. Uma criança é a única vítima fatal em Ubatuba. As equipes de resgate seguem pelo quinto dia em busca de 38 pessoas desaparecidas.

Até o momento, 38 corpos foram identificados e liberados para o sepultamento. São 13 homens, 12 mulheres e 13 crianças. A Prefeitura de São Sebastião informou que 1.730 pessoas estão desalojadas e 1.686 estão abrigadas em escolas, creches, igrejas e no Instituto Verdescola.

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Além da perda de vidas, São Sebastião convive com a falta de medicamentos, água potável, comida e material de higiene, entre outros itens necessários. Saiba como doar abaixo. Há relatos de comerciantes cobrando até R$ 93 por um litro de água, um pacote de macarrão a R$ 20 e repelentes de insetos a R$ 50. Até mesmo o resgate feito por helicópteros a quem podia pagar de R$ 20 mil a R$ 30 mil está sendo considerado abusivo.

O Procon de São Paulo diz que possíveis abusos praticados sobre a população atingida, se devidamente comprovados, devem ser denunciados ao ProconSP, ou aos Procons Municipais, para o devido processo de investigação e possíveis punições aos maus comerciantes, que possam estar se aproveitando desse momento de exceção e extrema fragilidade do consumidor, para obtenção de vantagem indevida.

 Uma tragédia anunciada

Desde 2013, a Defesa Civil do Estado de São Paulo não repassa recursos para São Sebastião para a prevenção de desastres naturais.

A última vez que São Sebastião obteve verbas para ações preventivas foi em 2013, na gestão de Geraldo Alckmin, quando recebeu o repasse de R$ 1,76 milhão. Desde então, a cidade não foi contemplada com nenhuma das ações da Defesa Civil nos governos seguintes, segundo levantamento do Metrópoles.

Além de São Sebastião, Bertioga, Caraguatatuba, Guarujá e Ilhabela, que também foram atingidas pelos fortes temporais, não tiveram acesso a recursos do governo estadual desde 2010. Das seis cidades que estão em estado de calamidade, somente Ubatuba recebeu verbas para prevenção de desastres. Em 2022, foram R$ 2,22 milhões.

Alertas e notificações

O abandono dos repasses ocorreu em meio a alertas do Ministério Público Federal para os riscos de desastres naturais no litoral norte de São Paulo. Em 2017, o órgão emitiu um parecer técnico apontando para ocupações de moradia em áreas de riscos e locais propensos a deslizamentos e alagamentos. “Diversas áreas onde há conformação de zonas que permitem o aumento percentual de ocupação humana apresentam suscetibilidade à ocorrência de desastres naturais”, afirmou o MPF no parecer.

Em 2021, o Ministério Público de São Paulo também notificou o município de São Sebastião sobre os riscos de desastres naturais na Barra do Sahy, a região mais afetada pelas últimas chuvas. O órgão caracterizou o local como extremamente instável em razão da atividade hídrica do local e a deterioração do solo, de acordo com informação da Folha de S. Paulo.

No documento, o MPSP informou que, devido à ocupação irregular do território foi possível constatar diversos riscos. “Ambos causam impactos urbanísticos e ambientais, agravados nas situações em que não há infraestrutura pública e nas áreas impróprias à edificação ou de proteção ambiental, particularmente nos assentamentos de baixa renda onde há maior precariedade e vulnerabilidade social”, diz o documento.

“Os núcleos irregulares e as áreas de risco, que já se apresentam como um enorme passivo, tendem a continuar crescendo e se adensando. Caso a municipalidade não se estruture para enfrentar a questão, coloca-se em perspectiva uma situação de agravamento das consequências negativas desse modelo de crescimento segregador do ponto de vista social e urbano”, conclui o documento do MPSP.

Como ajudar

Além de donativos como alimentos não perecíveis, água mineral e roupas limpas e em bom estado para uso – feitas de forma presencial, no estado de São Paulo –, os interessados também podem fazer depósitos, transferência ou PIX para auxiliar as famílias desalojadas ou desabrigadas, por meio de duas contas do Fundo Social de São Paulo.

Para doações de cestas básicas, o governo estadual disponibilizou a seguinte conta bancária: Banco do Brasil, Agência 1897-X, Conta Corrente Número 19.490-5, CNPJ/MF: 44.111.698-0001/98, Chave PIX: 44.111.698-0001/98. Para doar cobertores: Banco do Brasil, Agência 1897-X , Conta Corrente Número 19.7771-8, CNPJ/MF 44.111.698/0001/98. Chave PIX: [email protected].

Como doar alimentos, água e roupas?

Na capital paulista, as entregas de alimentos não perecíveis, água mineral e roupas limpas e em bom estado para uso, devem ser feitas no depósito da FUSSP, Avenida Marechal Mário Guedes, 301, Jaguaré, São Paulo, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

Outros pontos de arrecadação

Estações da CPTM

Doe em qualquer uma das 57 estações da CPTM (Linhas 7 – Rubi, 10 – Turquesa, 11 – Coral, 12 – Safira e 13 – Jade). Todos os itens arrecadados serão levados pelo Fundo Social e pela Defesa Civil às áreas afetadas.

São Sebastião

O Fundo Social de São Sebastião está recebendo doações em sua sede, na rua Capitão Luiz Soares, 33 – Centro. As regionais da Secretaria de Serviços Públicos (SESEP) também estão recebendo doações. Para mais informações ligue para (12) 3892-4991.

O CAE (Centro de Apoio Educacional) do Pontal, na rua Vereador João Orlando de Carvalho, 410, em São Sebastião, também está recebendo doações. Além disso, São Sebastião está recebendo doações em dinheiro. Conta bancária: Banco do Brasil (Agência: 0715-3 e conta corrente: 54708-5 – Chave Pix: 28.086.952/0001-99).