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Mulheres na luta
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pela democracia
Informativo FUP | Boletim Especial Mulheres | 8 março 2018
A escravidão não teria sido abolida A primeira greve geral no Brasil, em lheres, que a História ainda
sem a luta dos Quilombos e sem a 1917, foi iniciada por operárias têxteis não conseguiu registrar ple-
força do movimento abolicionista. de São Paulo, reivindicando, entre namente. A grande maioria
E lá estavam as mulheres contra a outras demandas, aumento de salário não sobreviveu, como Dina
escravidão, na luta por liberdade: Tereza e redução da jornada de trabalho. Coqueiro, e nominá-las todas
de Benguela, Dandara dos Palmares, Em 1932 a escritora nordestina e seria impossível, mas o Brasil
Anastácia, Luiza Mahín, Zeferina, Maria potiguar Dionísia Gonçalves Pinto, não poderá nunca esquecer
Felipa, Maria Crioula, Maria Firmina, Tia conhecida pelo pseudônimo de Nísia a altivez dos depoimentos
Samoa, Carolina de Jesus, Chiquinha Floresta Brasileira Augusta, publicou o de Gilce Consenza e Dilma
Gonzaga, e tantas mais que a História livro Direitos das mulheres e injustiças Rousseff à Comissão da Ver-
escrita não registrou. dos homens. Primeira obra no país dade, referências da luta por
A luta nacional, repleta de revoltas a tratar dos direitos das mulheres à direito e por democracia.
em cada região, é também a luta por instrução e ao trabalho. Em 2016, novamente, a
liberdade, por democracia. E lá também A bióloga Bertha Lutz, nascida no normalidade democrática
estavam as mulheres, embora sem Rio de Janeiro, a segunda mulher a foi interrompida por um gol-
visibilidade nem registro. Era delas, ingressar no serviço público brasileiro pe de estado, que destituiu
das mulheres, o papel de suporte e (1918), criou a Liga para a Emancipação autorizou a deportação de Olga a presidenta eleita Dilma Rousseff, em
construção da estrutura necessária aos Intelectual da Mulher, o embrião da Benário direto para os campos de confronto aberto com o Estado Demo-
revoltosos e da reconstrução de suas Federação Brasileira pelo Progresso concentração do governo nazista. crático de Direito, inscrito na Constitui-
vidas após as batalhas. Feminino (1922). Sua intensa militância A reconstrução democrática em ção de 1988.
A construção da República no país foi determinante na aprovação do 1946 com a convocação da assembleia Nos dias atuais, o aprofundamento
não foi capaz de garantir liberdade e Decreto nº 21.076/1932, que garantiu o nacional constituinte foi novamente do golpe em curso esmaga a liberdade
democracia ao conjunto da sociedade direito de voto feminino no Brasil. interrompida com o golpe militar de e os direitos conquistados nos últimos
brasileira, sendo a participação civil O golpe de estado em 1937 1964 e a instauração de um estado setenta anos. E mais uma vez as mulhe-
e política – o direito de votar e ser interrompeu e atrasou a luta nacional terrorista, que cassou as organizações res, ombro a ombro com os homens,
votado - reservada apenas aos homens por direitos e por democracia. O políticas e exterminou a maioria dos entrelaçam suas bandeiras com as da
da classe dominante. E lá novamente primeiro governo de Getúlio Vargas que se opunham à ditadura militar. sociedade brasileira, em defesa dos di-
estão as mulheres a lutar por direitos fechou o parlamento, cassou os A resistência ao estado de terror foi reitos e da democracia.
e democracia. comunistas, fechou os sindicatos, generosamente feita por homens e mu- Viva às mulheres!!!
Fórum Social: oportunidade de se
discutir cidadania e igualdade de direitos
O FSM 2018 será realizado entre os de diálogo no Coletivo Brasileiro e con- “Comunicação e Mídia Livre”, passan- dade é unir aos eixos, lemas e bandei-
dias 13 e 17 de março e terá como terri- sultas nacionais e internacionais, as do por “Migrações” e “Vidas Negras ras com o intuito de contribuir ao pro-
tório principal o Campus de Ondina, da Atividades poderão ser inscritas a par- Importam”. cesso de mobilização e articulação das
Universidade Federal da Bahia (UFBA), tir de 19 eixos temáticos, que vão da Para a edição do FSM 2018, a novi- resistências entre si, que são abertos
mas outros espaços de Salvador tam- e podem ser propostos por redes, pla-
bém abrigarão atividades do evento taformas, organizações e movimentos
no Parque do Abaeté, em Itapuã, ao Ancestralidade, Terra e Territorialidade; sociais. Alguns já sugeridos em consul-
Parque São Bartolomeu, no subúrbio, Comunicação, Tecnologias e Mídias livres; tas feitas no site do Fórum são: “A vida
Culturas de Resistências;
vários locais se tornarão territórios de Democracias; não é mercadoria”, “Nada sobre nós,
diálogo e convergência do Fórum. Democratização da Economia; sem nós”, “Cidadania sem Fronteiras”,
Apenas coletivos ou organizações Desenvolvimento, Justiça Social e Ambiental; entre outros.
podem inscrever Atividades que farão Direito à Cidade;
parte da programação do Fórum, e que Direitos Humanos;
serão autogestionadas. Ou seja, as or- Educação e Ciência, para Emancipação e Soberania dos Povos;
ganizações devem ficar responsáveis Feminismos e Luta das Mulheres; Eixos
por definir os nomes de palestrantes e Futuro do FSM; temáticos
suas presenças em Salvador, por meios LGBTQI+ e Diversidade de Gênero;
Lutas Anticoloniais;
próprios e seu formato das atividades Migrações; do FSM
já a organização do FSM 2018 garantirá Mundo do Trabalho;
o espaço para a realização da ativida- Um Mundo sem Racismo, Intolerância e Xenofobia; 2018
de proposta e divulgação da mesma na Paz e Solidariedade;
programação no site do Fórum. Povos Indígenas;
Resultado de um longo processo Vida Negras Importam