Na última sexta-feira, dia 18 de agosto, foi realizada na Repar reunião extraordinária da Comissão Local de SMS. Um dos pontos principais da pauta foi a participação de Técnicos(as) Químicos(as) na composição da Estrutura Organizacional de Resposta (EOR). Há cerca de um mês, o gerente de Qualidade de Produtos (laboratório), engenheiro Paulo Salles, vem realizando reuniões com os trabalhadores dos grupos de turno do setor para convencê-los a comporem a brigada de incêndio.
Segundo a apresentação realizada pelo engenheiro de segurança Iuri Borgonha da Silva, que estava acompanhado do gerente de SMS, Giovani Claudemir Vizoto, os trabalhadores do laboratório ocupariam o posto da brigada do parque de bombas. Dessa forma, liberaria o posto que hoje é ocupado por um(a) operador(a) da Transferência e Estocagem (TE). Tal tentativa não convenceu os trabalhadores. A operação do parque de bombas não é tão simples, inclusive já houve casos de grandes prejuízos para a empresa na atividade. Para os técnicos químicos, há ainda o agravante do desvio de função, uma vez que foram contratados para exercer atividade não compatível com a brigada, muito menos a operação de equipamentos industriais.
Está intrínseco que a proposta dos gestores de colocar técnicos químicos na EOR é para suprir, ainda que paliativamente, as deficiências de efetivo na operação. Após muita enrolação, disseram que seria uma determinação da sede.
Como não houve convencimento a partir das reuniões, o gerente do laboratório partiu para a prática do assédio ao dizer que a participação na composição da brigada de incêndio estaria condicionada a permanência em turno. Os trabalhadores se sentiram ameaçados. A condição imposta pelo gestor é absurda, uma vez que a empresa não pode forçar ninguém a compor a EOR e colocar sua vida em risco. Dessa forma, para o Sindicato e conforme a NR-20, o caráter de voluntariedade da brigada é um preceito prioritário.
Em ocasiões passadas, o baixo efetivo do setor foi utilizado como argumento da gestão para não participar da EOR, mas agora o discurso mudou completamente e tal fato é desconsiderado. O Sindicato argumentou sobre os impactos que essa situação ocasionaria na rotina de trabalho do laboratório. O gerente, por sua vez, contra-argumentou que é um dos setores com mais facilidades para parar os serviços e que inclusive os trabalhadores do laboratório estão autorizados a cancelar amostragens quando houver muita demanda. A incoerência dessa posição está na cobrança de produtividade que o próprio gerente impõe aos trabalhadores do setor.
O Sindicato alerta que, assim como já ocorre na operação, a gestão assume a responsabilidade sobre possíveis acidentes. Uma situação difícil e corriqueira é a realização de treinamentos durante o horário de trabalho sem que outro trabalhador assuma a rotina laboral, ocasionando sobrecarga quando retornar ao posto.
A natureza da função de técnico químico de petróleo é totalmente adversa às atividades da EOR. Esse foi o principal motivo de os TQP’s deixarem de compor a brigada no início dos anos 2000. É um fator que aumenta ainda mais a insegurança da equipe de combate às emergências.
Nesse contexto de drástica redução de postos de trabalho da área operacional, que vulnerabilizou ainda mais a condição da EOR, a tática de gestão de incluir técnicos químicos nas brigadas nada mais é que uma operação tapa-buraco. Evidencia o descaso com que a empresa trata a EOR.
O Sindicato pautará a empresa sobre a precarização da brigada de incêndio conforme os debates realizados durante as mobilizações pela recomposição do efetivo.
:: Outras pautas
Para além da composição da EOR com técnicos químicos do laboratório, o Sindipetro cobrou naquela reunião algumas pautas da manutenção industrial. O vazamento de hidrogênio da HRC (UGH II), em 1º de agosto, na linha do P-2231105, foi sanado durante a parada emergencial da unidade. Segundo o gerente da Inspeção de Equipamentos, Alexandre Salgado, várias outras pendências de manutenção da HRC foram executadas a partir daquele evento.
Sobre o curso da NR-20, o Sindicato cobrou explicações sobre a capacitação dos trabalhadores e solicitou a lista atualizada dos cursos normativos de cada setor. A gerente do RH, Kelly Bedin, disse que a lista não pode ser fornecida, pois é de cunho pessoal, ou seja, cada trabalhador deveria requisitar a sua. Além disso, foram debatidos vários problemas da gestão de RH para o controle da participação nos treinamentos e também da área da SMS, conforme a demanda dos técnicos de segurança, entre elas o excesso de dobras no setor, o que prejudica a organização dos cursos.
O RH admitiu dificuldades na gerência dos treinamentos, alegando ausências nas turmas. O Sindicato rebateu afirmando que as faltas estão diretamente ligadas à redução dos efetivos e consequente sobrecarga de trabalho. O trabalhador não consegue participar dos cursos porque não há quem o substitua no seu posto de trabalho. Esclarecimentos sobre essa questão ficaram de ser apresentados pelo RH na próxima reunião.
Pontos que ficaram pendentes e devem ser tratados em oportunidade futura: proibição do uso da barba e a entrega dos relatórios de gestão de mudanças de cada trabalhador impactado no processo de redução de efetivo.
Fonte: Sindipetro-PR/SC