Representantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o deputado estadual Paulo Teixeira (PT-SP) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) participaram de uma coletiva de imprensa no início da tarde desta segunda-feira (5), no Sindicato dos Jornalistas, na qual afirmaram que irão denunciar na Corte Interamericana de Direitos Humanos as ações arbitrárias da Polícia Militar de São Paulo. Eles também avisaram que não recuarão diante das investidas de repressão e medo.
Na semana em que a presidenta legítima Dilma Rousseff foi afastada definitivamente do poder, as manifestações contra o golpe intensificaram-se, e a Polícia Militar do estado, subordinada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), promove diariamente cenas de guerra na capital paulista. Uma jovem perdeu a visão do olho esquerdo, atingido por estilhaços de bombas, e 26 jovens foram presos sem argumentação legal alguma.
Lindbergh Farias iniciou a coletiva ressaltando a importância de não silenciar sobre a gravidade dos acontecimentos vividos no país. “Afastaram uma presidenta e agora não temos mais o direito de nos manifestarmos com liberdade? Eu fiz parte dos movimentos pelo ‘Fora, Collor’, contra Fernando Henrique Cardoso, e nunca vi tamanha repressão. Querem passar para a população uma imagem de pânico para dispersar o movimento ‘Fora, Temer’. Mas nós seguiremos em frente, com maiores manifestações e com artistas, parlamentares e figuras públicas fazendo um cordão em defesa da liberdade de manifestação”, afirma.
Denúncia internacional
O senador salientou que irá denunciar aos órgãos internacionais as ações truculentas da Polícia Militar durante as últimas manifestações ocorridas em São Paulo. “Nós estamos preparando uma representação na Corte Interamericana de Direitos Humanos para não deixar a repressão ocorrida no domingo passar em branco. Criminalizam os movimentos sociais, impedem o direito de expressão, isso é gravíssimo, que país é esse onde jornalista tem que sair com capacete e máscara?”, denuncia Lindbergh.
Prisão arbitrária
O deputado estadual Paulo Teixeira passou a madrugada no Departamento De Investigações Sobre Crime Organizado (Deic), na capital paulista, apurando a prisão arbitrária de 26 jovens que foram presos ao tentarem participar da manifestação e contou como foi o seu diálogo com o delegado.
“Indagamos ao delegado: houve alguma vítima, qual órgão público ou privado que foi atacado pelos manifestantes? Ele tentou justificar que a prisão foi realizada porque alguns manifestantes portavam pedras e itens de primeiros socorros e que enquadraria todos por formação de quadrilha, corrupção de menores e, por consequência, manteria os 26 manifestantes presos”, relatou Paulo.
Segundo afirma Paulo, há uma clara escalada da violência para dissuadir os jovens de irem às manifestações pelo “Fora, Temer”, algo que ocorre com a parceria do ministro da Justiça, Alexandre Moraes, com a Polícia Militar paulista. “Isso acontece há algum tempo, prendem os manifestantes e eles permanecem durante horas detidos, mas não havia ocorrido um enquadramento tão pesado como o ocorrido na tarde deste domingo com os 26 jovens”, alerta.
O jornalista Juca Kfouri questionou Paulo Teixeira a respeito do prefeito Fernando Haddad (PT-SP) enfrentar o governador Alckmin sobre as ações truculentas da polícia. “O Haddad fez toda uma movimentação para que não houvesse conflitos, ele provavelmente fará uma mediação para acabar com essa onda de violência. Devemos também provocar o Ministério Público para exercer esse controle. A Polícia Militar perdeu o controle. Está rompida a ordem institucional e liberada a repressão, a policia tem que proteger os manifestantes e não agredi-los, como foi o caso da Deborah, a jovem que perdeu a visão do olho esquerdo na manifestação”, respondeu Teixeira.
Carta para Alckmin
O ex-senador e atual candidato a vereador na cidade de São Paulo, Eduardo Suplicy, pediu o uso da palavra para ler uma carta que será enviada ao governador Alckmin, onde rechaça a prisão arbitrária dos 26 jovens. “Um exagero pensar que aqueles manifestantes praticaram algum ato de agressividade. A manifestação foi pacífica”, argumentou.
Alexandre Padilha (PT-SP), secretário municipal da Saúde do município de São Paulo, interveio na coletiva dizendo que intensificará os primeiros socorros aos manifestantes feridos. “Foi uma manifestação pacifica pelo povo e baderneira pela PM, intensificaremos a prestação de serviços do Samu em locais estratégicos em torno do trajeto do protesto, asseguraremos esses pontos, para garantir o aparato dos profissionais de saúde, pessoas voluntárias, prestando atendimento médico”, declarou.
Próximos atos
Representando a Frente Povo sem Medo, o membro da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) Rogério Nunes afirmou que a luta pelo “Fora, Temer” segue ganhando mais força e divulgou as próximas manifestações contra o golpe e a não retirada de conquistas sociais que ocorrerão nesta quarta-feira (7), durante o Grito dos Excluídos, em várias capitais do país. Na quinta-feira (8), a Frente Povo sem Medo convoca a manifestação contra o golpe e pelas Diretas Já! no Largo da Batata, região central de São Paulo.
Do Portal Vermelho