O empresário e deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), que vai comandar a Secretaria Especial de Previdência Social do governo de Jair Bolsonaro (PSL), é um ferrenho defensor das reformas que retiram direitos da classe trabalhadora.
Marinho foi escolhido pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, para comandar a Previdência por sua experiência como relator e maior defensor da reforma Trabalhista que extinguiu mais de 100 itens da CLT e legalizou formas precárias de trabalho, como o contrato intermitente. O trabalhador que assina este tipo de contrato fica à disposição do patrão que pode chamá-lo quando precisar – uma, duas, três vezes por mês, só nos finais de semana etc – e pode receber menos de um salário mínimo por mês, dependendo de quantas vezes for chamado.
A experiência do deputado será, portanto, fundamental para levar adiante a proposta de reforma da Previdência do futuro governo, que será comandado por um político que considera o direito trabalhista um problema a ser eliminado no Brasil.
“Hoje em dia continua muito difícil ser patrão no Brasil”, disse Bolsonaro em coletiva na terça-feira (4). Na ocasião, ele defendeu um aprofundamento da reforma Trabalhista em seu governo, com medidas mais favoráveis aos patrões para, segundo ele, estimular novas contratações. O mesmo governo que, para atender interesses dos empresários, acabou com o Ministério do Trabalho.
A principal tarefa de Rogério Marinho como secretário de Previdência de Bolsonaro será fazer a articulação com o Congresso Nacional para tentar aprovar a proposta de reforma da Previdência do futuro governo que ainda não foi apresentada. Ele promete aprovar mudanças nas aposentadorias ainda no primeiro semestre de 2019, mas ainda falta clareza na equipe de Bolsonaro sobre o modelo previdenciário a ser adotado. Já falaram que tem itens da proposta do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e de outros economistas, mas ninguém sabe exatamente o que eles querem: capitalização da previdência ou apenas aumento da idade mínima.
Durante a campanha, Guedes defendeu o modelo de capitalização para as aposentadorias, que se resume a depósitos mensais feitos pelos trabalhadores em um fundo de pensão indicado pelo governo. O modelo, implementado no Chile durante a ditadura militar, levou os idosos à miséria. Hoje, 91% dos aposentados chilenos recebem, em média, R$ 694, menos do que o salário mínimo vigente no país.
O homem certo para acabar com a aposentadoria
Rogério Marinho, o homem certo para a tarefa de mexer nas aposentadorias, tentou se reeleger deputado federal, mas a campanha que a CUT fez, #VotouNãoVolta, denunciando deputados que traíram a classe trabalhadora, deu resultado e Marinho não se reelegeu, apesar do apoio do empresariado beneficiado com a nova lei – ele ficou no segundo lugar do ranking de deputados que mais receberam doações, segundo o Estadão.
Mais um investigado
Segundo a Carta Capital, Rogério Marinho está sendo investigado em um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) por seu envolvimento em uma empresa terceirizada que coagia funcionários demitidos a renunciar às verbas rescisórias e a devolver a multa do FGTS. Por meio das fraudes, a companhia se apropriou ilegalmente de 338 mil reais devidos a mais de 150 trabalhadores, afirma o Ministério Público do Trabalho (MPT).
Em março deste ano, o Estadão publicou matéria afirmando que Marinho também será investigado após um empresário que prestou serviços à sua campanha à Prefeitura de Natal, em 2012, admitir à Polícia Federal que o parlamentar lhe deve R$ 1 milhão referente ao pleito.
[Via CUT]