Sindipetro-MG
No sábado, dia 25 de agosto, às 16h, o nível 02V4 atolou virando o gás do 02K4 para a tocha. Como a pressão da linha de tocha estava com 1,4 kg e a pressão do 02K4 é cerca de 0,1kg, o gás da tocha retornou para o sistema de topo da 02C01. O fato provocou a selagem do ejetor com água, elevando a pressão da torre de vácuo. O cabeçote aberto para atmosfera após parada do K3 provocou chuva de água ácida na área, contaminando, assim, o ambiente.
Paralelamente a estas ocorrências, houve vaporização de RV a 360° na 02P1, trip 02F1 por elevação de temperatura no passo 2 devido a furo próximo a curva do passo 3 onde verificou-se mais tarde que o mesmo estava com baixa espessura. Este furo provocou incêndio dentro do forno, mesmo após trip e diversos comandos de abafamento. Estes incidentes ocorreram devido ao atolamento da linha de tocha com água provocado ao que tudo indica pela abertura do 221PSD02 (pino de ruptura da saída de água do 221E03 que descarta água para a tocha).
O Sistema de Blowdown dos flares possui uma determinada capacidade de retenção e escoamento para tratamento de água contaminada. Acontece que, muitas unidades novas têm sido interligadas a este sistema, como a U-221 (cogeração), que no caso da abertura do pino de ruptura, envia grande quantidade de água para o referido sistema. Porém, ao longo desse mesmo período, o sistema não passou por ampliação ou modernização que o tornasse apto a conviver com a nova realidade. O que com certeza evitaria os acidentes de sábado.
No dia 29/08, iniciou-se ainda no H1, a partida da U-02 após reparo do furo no passo 3 do 02F1. Após a solda, não foi feito tratamento térmico e nem o teste hidrostático como manda o procedimento. Na pressa para retornar com a unidade, foi feito apenas LP (líquido penetrante) que é o ensaio mais simples, pois só detecta trincas na superfície.Caso a linha venha a romper com o forno em operação, colocando novamente em risco o pessoal , bem como as instalações, quem será responsabilizado? A denúncia está feita e registrada. Graças à ação rápida dos técnicos da TE, UT e do DH, uma tragédia de grandes proporções foi evitada.
A importância da segurança e da manutenção
A Regap com pouco tempo de operação tem um longo histórico de acidentes e alguns deles gravíssimos. As ocorrências e as gravidades desses acidentes aumentaram na década de 80. No auge da doutrina neoliberal, tivemos uma série de acidentes, sendo que o mais grave ocorreu em 1998 onde matou e feriu diversos trabalhadores. O aumento do número de acidentes e de sua gravidade coincide com o sucateamento da segurança, e também, da manutenção, além do corte de pessoal na operação. A segurança e a manutenção são consideradas pelos administradores da Petrobrás como custos e, portanto, não se empenham em valorizar essas áreas. Na operação foi implantado a chamada “polivalência”, cujo fim foi diminuir o número de trabalhadores.
O Sindipetro/MG vem denunciando esta política suicida que está levando a morte os trabalhadores, principalmente, os de empreiteiras. Todo acidente que ocorre na Regap, invariavelmente, a culpa recaí sobre os trabalhadores. A gerência da Petrobrás/Regap recusa a assumir sua responsabilidade. As precárias condições de trabalho advêm da forma como a chefia administra essa empresa. Os companheiros envolvidos nos serviços dentro da refinaria têm de denunciar e recusar trabalhar em condições inseguras. Temos que valorizar nossas vidas e dar prioridade a segurança, a manutenção e acabar com a “polivalência”. Não vamos permitir que companheiros morram ou fiquem mutilados por causa de uma política porca de corte de custos.
Nesse acidente, que teve vários desdobramentos, ninguém morreu ou se feriu, mas foi por pouco. Não podemos ficar dependendo só da “sorte” e da coragem dos trabalhadores, temos que cobrar medidas urgentes da atual administração para que acidentes não voltem a manchar o chão da refinaria de sangue de pessoas inocentes. Este acidente é mais um alerta a todos. Vamos cobrar mais segurança no trabalho.