Sindipetro-MG
O último sinistro ocorrido na Regap na terça-feira, 23, quase virou um acidente de grandes proporções. Um trabalhador terceirizado retirou um “cap” (tampão) de um dreno em uma linha de GLP. A válvula de bloqueio que estava instalada no dreno não era adequada para bloquear produtos como GLP. Quando foi tirado o tampão, houve vazamento. O trabalhador se afastou, pois imediatamente formou-se uma nuvem de gás que envolveu a tubovia. As tentativas de fechar a válvula fracassaram. Algum tempo depois chegaram os operadores e a equipe de segurança. Foi acionado o canhão da linha de RACE e a água acabou contendo a nuvem de gás. Então, com o conjunto autônomo, um operador pode entrar na nuvem de gás e fechar a válvula. Assim, o vazamento foi estancado. O esforço desses trabalhadores evitou um acidente de grandes proporções, pois todos sabemos o poder de destruição de uma explosão, seguido de incêndio, alimentado por gás.
FALTA TRABALHADORES
Por trás da “quase tragédia”, está a falta de trabalhadores na operação, como acontece em quase toda a Regap. No caso específico, o trabalhador de empreiteira trabalhava com permissão genérica e sem acompanhamento por parte da operação. A gerência determinou que este tipo de serviço não teria supervisão de um operador. Assim, qualquer problema ou manobra que dê errado, os trabalhadores das empreiteiras ficam entregues a própria sorte, como ocorreu no TE.
A padronização, mudança e verificação de todos os “caps”, tampões dos “vents” e drenos das unidades no ABAST foi uma determinação da Petrobrás. Isso se fez necessário, porque houve um aumento significativo de acidentes onde há necessidade de uso dos drenos e “vents”. Portanto, até a direção da empresa detectou que esses locais são sensíveis e exigem maiores cuidados no seu manuseio.
Mesmo assim, a gerência da Regap ignorou os riscos desse serviço e o colocou nas mãos das empreiteiras sem acompanhamento de operadores. Para “ganhar tempo e economizar”, a chefia determinou que as liberações para o trabalho fossem feitas por trecho de tubovia. Todos os inúmeros “vents” e drenos de um determinado local eram liberados a batelada, sem acompanhamento de operador (es). Acabou acontecendo o que era bastante previsível: mais um acidente.
TERCEIRIZAÇÃO, EXPLORAÇÃO E MORTES
Os trabalhadores das empreiteiras são as principais vítimas dessa irresponsabilidade da direção da Regap. Não é a toa que a maioria dos acidentados estão nas firmas que prestam serviço à Petrobrás/Regap. Faltam profissionais próprios para executarem e acompanharem os serviços, com isso, vem a terceirização selvagem que mata os trabalhadores, principalmente das empreiteiras. Essas firmas dão um treinamento “mentiroso”, expondo os terceirizados a riscos de acidentes. Além disso, os salários são muito baixos e a exploração não tem limite. Mal treinados, mal remunerados e com a gerência da Regap dizendo que isso não é de sua responsabilidade, vai-se construindo uma situação propícia para acidentes.
APRENDER COM OS ERROS DO PASSADO
A refinaria tem perigo por todos os lados. Qualquer falha ou engano pode ter perdas em vidas, como já ocorreu em 1999. Há quase 13 anos, o acidente que matou, feriu e traumatizou inúmeros trabalhadores teve os mesmos ingredientes desse que ocorreu no TE. Na época, adotaram a liberação dos serviços por unidade, sem acompanhamento de operadores e com uso intensivo de mão de obra de empreiteiras. O resultado já é conhecido. Temos de aprender com o passado e lutar para não deixar que novas tragédias se repitam. São nossas vidas que estão em perigo. Cabe a gerência planejar o trabalho de forma mais segura, de maneira que não coloque em risco os trabalhadores. Além disso, a gerência tem que admitir empregados próprios e acabar com as empreiteiras na Petrobrás. A nós, trabalhadores, cabe negar trabalhos que podem levar a acidentes e denunciá-los ao sindicato.
Em 1999, o sindicato fez diversos alertas para a iminência de um grande acidente, mas foi ignorado pela administração. Esperamos que agora, ante a mais esse alerta, a gerência tome as medidas de segurança para evitar uma possível tragédia.