A Bacia de Campos vive a tensão provocada por um clima generalizado de insegurança, como se os trabalhadores percebessem que se avizinha uma grande tragédia. Os recentes eventos em PRA-1 e outras unidades revelam que o descumprimento dos procedimentos de segurança continua à toda. Mas quem são os verdadeiros responsáveis?
Claro que os primeiros a serem sempre lembrados são os que detêm poder de mando dentro da Petrobrás. Estes deveriam se preocupar com a segurança e saúde dos empregados desde o primeiro momento. Mas em lugar disto, após receberem a notícia do terrível acidente de Alagoas, que vitimou instantaneamente 4 petroleiros, brindavam e trocavam gracejos, alegremente, em confraternização gerencial.
Ninguém com o mínimo de juízo irá confiar sua segurança pessoal a quem festeja enquanto companheiros morrem carbonizados. Esse episódio revela a desqualificação da segurança, enquanto prioridade, e dos gerentes, enquanto seres humanos. Deveria no mínimo fazer com que a Petrobrás refletisse sobre as qualidades que valoriza no reconhecimento de suas lideranças, o que se tornaria prático com pequenas atitudes, a começar pela divulgação dos responsáveis pela “festinha”, e dos alegres convivas que dela participaram, muitos dos quais gerentes e coordenadores da Bacia de Campos.
A depender dos que brindaram sobre as mortes alheias, a mudança dos horários de vôos jamais se concretizará, os helicópteros decolarão com o maior número de assentos possível, e o SMS da Empresa continuará no que parece ser o lugar ideal: nas folhas de papel.