Refinaria Abreu e Lima, uma questão de identidade

FUP

Nesta última semana, a Refinaria Abreu e Lima voltou a frequentar as páginas de jornais e redes de rádio e TV por conta da divulgação do planejamento estratégico da Petrobrás para os próximos anos. Além dos questionamentos de sempre da mídia e do mercado, a refinaria tem sofrido uma recorrente crise de identidade, alimentada por setores conservadores da própria empresa, que jamais aceitaram o fato da unidade ser batizada com o nome de um grande revolucionário brasileiro. Por isso, a mídia e os próprios trabalhadores se confundem e chamam de Rnest (Refinaria do Nordeste) a refinaria que homenageia um personagem ainda marginalizado nos tradicionais livros de história, mas que foi imprescindível nas lutas pela independência da América do Sul.

Daí a importância dos trabalhadores conhecerem a história de Abreu e Lima e reafirmarem a identidade da refinaria, que é a primeira a ser construída no Brasil desde 1980 e cuja importância já é estratégica para a soberania energética do nosso país. A Abreu e Lima aumentará em 11% a capacidade do parque de refino da Petrobrás e começará a entrar em produção em novembro do ano que vem.

O pernambucano libertário que lutou ao lado de Bolívar

José Ignácio Abreu e Lima era um jovem capitão da artilharia, quando, ao lado do seu pai -o ex-sacerdote conhecido como Padre Roma –  participou da Revolução Pernambucana de 1817, que buscou libertar o Brasil do império português. Os ideais republicanos de Abreu e Lima foram sufocados, assim como a revolução. Preso, ele foi obrigado a assistir ao fuzilamento de seu pai. Mas nem assim esmoreceu. Somou-se às tropas de Simón Bolívar, onde foi consagrado general, e transformou-se em personagem fundamental da Revolução Bolivariana, que libertou a Venezuela, o Panamá, a Colômbia e o antigo Peru, cuja parte do território deu origem à atual Bolívia.

Conhecido como “o general das massas”, Abreu e Lima permaneceu ao lado de Bolívar até a morte do revolucionário, em 1831. Por seu papel histórico nas lutas pela independência da América do Sul, recebeu o título de Libertador de Nova Granada. De volta a Pernambuco,escreveu e publicou em 1855 o primeiro tratado sobre socialismo das Américas. Morreu em 1869 e teve seu corpo proibido de ser sepultado no povoado de Maricota, onde vinte anos antes liderou a Revolta Praieira. Coube a outro pernambucano libertário não deixar morrer a histórica de Abreu e Lima. Quando governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho rebatizou a cidadezinha de Maricota para Abreu e Lima, que hoje pertence à região metropolitana de Recife.