Com o objetivo de aumentar a segurança do trabalho nas áreas operacionais, recentemente, a Recap passou a adotar o uso do rádio para comunicar todos os procedimentos e documentos envolvidos no serviço e, até mesmo, o uso adequado do EPI. Essa prática já foi questionada pela direção do Sindipetro Unificado-SP, pois além de não melhorar em nada a segurança contradiz o próprio documento da empresa que diz respeito ao uso do rádio (PBO).
Dia desses, ao realizar uma manobra na refinaria, um supervisor seguiu todas essas orientações – até porque se não as seguisse, e questionasse, não teria a tal função -, e alinhou a válvula errada, com risco de contaminar um tanque inteiro de gasolina com Resíduo de Terminal (RET). O fato, porém, foi omitido dos documentos do setor pela gerência, com o argumento de que o volume que entrou no tanque foi pequeno.
A verdade é que falar no rádio não substitui o treinamento deficiente e nem a falta dele. O que vemos é uma gestão preocupada em diminuir os acidentes burocratizando o trabalho e arrumando um jeitinho de sempre culpar o trabalhador, desde que ele não seja parte do “corpo gerencial”.
Outro fato recente, que confirma esse descaso com a saúde do trabalhador, foi um vazamento de nafta na refinaria. Segundo relatos, por menor que tenha sido o vazamento, houve exposições e a medição de explosividade em 100%. “Os trabalhadores seguiram os procedimentos para controle da emergência, mas a gestão da empresa foi falha em monitorar esse pessoal que ficou exposto, já que a orientação é falar no rádio os procedimentos”, destacou o coordenador da Regional Mauá do Unificado, Juliano Deptula.
Para que não restem dúvidas, principalmente à gerência da Recap, sobre como deve ser o procedimento, vale reforçar a norma “PE-3AC-0018 – Vigilância da Saúde dos Trabalhadores na Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno”, que dá a tratativa de que todo trabalhador exposto a hidrocarbonetos faça o monitoramento junto ao setor de saúde a fim de monitorar o nível da exposição.
“Comprovamos a cada dia que passa que essa política de segurança adotada pela empresa está mais preocupada com a “economia de palitos” do que com o bem estar do trabalhador. O mais importante é conter os gastos. Saúde e segurança do trabalhador são meros detalhes”, afirmou Deptula.
Fonte: Sindipetro Unificado de São Paulo