Berço da indústria de petróleo brasileira, a Bahia está sendo relegada e sofrerá grandes prejuízos com a venda dos campos de petróleo à iniciativa privada.
Ironicamente, o estado onde surgiu o petróleo, foi o escolhido para o lançamento do Programa Nacional REATE (Revitalização das Atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás em Áreas Terrestres). Apesar do nome pomposo e tendencioso, o Programa não trará benefícios para a Bahia.
Ao contrário, trará prejuízos. A produção petrolífera necessita de constantes, pesados e intensos investimentos, principalmente em áreas antigas de produção, além de grande experiência e competência técnica nessa área. As empresas privadas certamente não terão a capacidade técnica e financeira necessárias para manter e, muito menos, aumentar a produção de petróleo nessas áreas.
Desta forma, essas empresas, fatalmente, irão optar por uma exploração predatória que, rapidamente, levará à redução e à extinção da produção de petróleo em terras baianas e nordestinas.
Isso trará prejuízos irreversíveis as comunidades de centenas de cidades e ao povo baiano e nordestino, devido à queda na arrecadação de impostos e no pagamento de royalties aos municípios produtores, além do desemprego, salários rebaixados, fechamento de empresas e redução das atividades econômicas nas cidades onde a estatal atua.
Na Bahia estão à venda o campo terrestre de Buracica, localizado no município de Alagoinhas, que tem quase 70 anos de atividade e continua dando lucro operacional, e o campo de Miranga, um dos maiores produtores de gás do Brasil, que fica no município de Pojuca.
Os dois campos juntos geram cerca de 700 empregos, entre diretos e indiretos, geram também receitas para os munícipios, com pagamentos de royalties e ISS, além de contribuir para o desenvolvimento local e social. Então é um grande prejuízo a saída da Petrobrás, a privatização desses campos.
Qual a garantia que temos que o REATE vai investir, apoiar e assegurar o emprego com salários equivalentes aos pagos pela Petrobrás? E essas empresas agirão com responsabilidade social e ambiental? A história nos mostra que esta não costuma ser a prática de empresas desse tipo.
Repudiamos também a omissão do governador Rui Costa diante da privatização dos campos terrestres da Petrobrás. O governador sequer recebeu a direção do Sindipetro Bahia para ouvir os argumentos do setor que representa os petroleiros, apesar das várias tentativas de agendar uma reunião.
Entendemos que os interesses da Bahia e do seu povo é que devem prevalecer e não os interesses daqueles que só querem lucrar. Temos várias experiências mal sucedidas de empresas privadas produzindo petróleo na Bahia e seria uma irresponsabilidade ampliar esta forma de exploração do nosso precioso “ouro negro”.
VIA SINDIPETRO BAHIA – Sindicato dos Petroleiros da Bahiawww.sindipetroba.org.br