"A mídia conservadora fala só para a classe média e prega o apavoramento diante do estado e do povo", afirma o jornalista da Carta Capital







Em entrevista à Revista Imagem, o jornalista e editor da Revista Carta Capital, Leandro Fortes, fala sobre a postura golpista da mídia convervadora em relação ao atual governo e às eleições de 2010 e afirma que na luta contra esta hegemonia, os sindicatos, juntos, podem se transformar em poderosas redes de disseminação de notícias.

Confira a entrevista:

Como você analisa a postura da imprensa em relação ao governo Lula e agora na campanha de Dilma Roussef?

A mídia tem uma postura ideológica clara, de defesa dos interesses do grande capital, na contramão das reivindicações e dos interesses dos movimentos sociais e dos trabalhadores. Embora o governo Lula tenha feito uma série de concessões à elite brasileira, ela jamais aceitou sua presença – a presença de um operário, ainda mais nordestino, feio e sem um dedo na mão – no mais alto cargo da República. Isso apesar de Lula ter se consolidado como um dos mais importantes líderes mundiais da atualidade e do alto nível de crescimento da economia nacional.

A Carta Capital assumiu a posição de apoio a eleição de Dilma Roussef. Qual a importância dessa postura e por que essa decisão?

Foi uma opção do dono e editor-chefe da revista, o jornalista Mino Carta. Tem sido uma prática de Mino fazer isso, a exemplo do que fazem os grandes jornais e revistas dos Estados Unidos e da Europa. É uma forma de esclarecer ao leitor a posição política da revista e de sua linha editorial. E, também, de criar uma responsabilidade maior entre seus repórteres e leitores, no que diz respeito à credibilidade e à honestidade do material publicado.

Você disse durante a PlenaFUP que a mídia conservadora fala só para a classe média e prega o apavoramento diante do estado e do povo. Explique melhor a sua visão.

Simples: temos uma classe média que é, basicamente, educada pela televisão, que despreza e teme o conhecimento como instrumento de mudança, que ainda vive sob parâmetros escravagistas e abomina a possibilidade de conviver com os pobres, embora não abra mão de usufruir de mão-de-obra barata. Essa classe média, iletrada e apavorada, é extremamente vulnerável ao poder dos oligopólios de mídia e ainda acredita em bicho-papão e que comunista come criancinha.

Como fazer o contraponto com essa mídia conservadora?

Montar redes solidárias de comunicação pela internet e usar os canais de comunicação disponíveis nas corporações de trabalhadores (jornais sindicais, rádios comunitárias, TV públicas, etc) para fazer circular informação verdadeira e descontruir eventuais manipulações.

Qual o papel dos sindicatos nessa disputa de hegemonia?

Vencer as resistências internas, investir em equipes profissionais de comunicação social, planejar estratégias e fortalecer as redes de notícias, sobretudo na internet. Os sindicatos, juntos, podem se transformar em poderosas redes de disseminação de notícias.

Como as novas mídias ou redes sociais (blog, twitter,facebook, etc) podem servir como intermediadoras?

As redes sociais tem um papel maior que o de intermediação. Elas são, por si só, meio de divulgação e receptação de informação e fazem a ligação direta entre as fontes e o público. Cada sindicato deve montar equipes específicas para fazer esse acompanhamento e mapeamento das redes sociais para atuar de forma defensiva e pró-ativa.

Qual é o papel da Escola Livre de Jornalismo da qual faz parte e por que foi criada?

A Escola Livre de Jornalismo foi criada para complementar, com uma visão prática da profissão, a formação dos estudantes de jornalismo em Brasília. Para tal, nos últimos três anos, temos feito ciclos de palestras, encontros de jornalistas e blogueiros, além de oficinas de reportagem.